Casos e óbitos acumulados de Covid-19 em Nova Friburgo (RJ)

Vânia Monteiro, Presidente do PSTU Nova Friburgo-RJ

Nova Friburgo apresenta, desde o início da pandemia, um quadro com altas taxas de internação e mortalidade. Segundo os dados recentes da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade contabiliza um total de 5.498 diagnosticados e 185 mortes em decorrência do novo coronavírus. Do total de infectados, 534 são profissionais da saúde.

Após um período de relativa queda nos índices, nos últimos 30 dias a curva de contágios voltou a subir como vem ocorrendo em diversas regiões do país. Desde o início de dezembro, o município de Nova Friburgo está na “bandeira vermelha”, de acordo com os critérios oficiais de ocupação hospitalar da rede pública e privada, que está em aproximadamente 80%. O Hospital Municipal Raul Sertã está com 90% dos leitos de enfermaria ocupados e 80% dos leitos de UTI na mesma situação.

Hospital Municipal Raul Sertã, em Nova Friburgo (RJ), está com 90% dos leitos de enfermaria ocupados (Foto: Hugo Moreno)

Entretanto, concretamente, a mudança de bandeira não alterou em nada o funcionamento das atividades empresarias. O comércio tem operado a todo o vapor, com intensa aglomeração, especialmente nas grandes redes do comércio varejista, sem falar no funcionamento, sem fiscalização, de bares, restaurantes e de eventos de entretenimento.
O transporte público é outro absurdo que acontece em Nova Friburgo. A empresa concessionária FAOL – Friburgo Auto Ônibus, com autorização da Prefeitura, realizou cortes generalizados em horários e nas linhas de ônibus. O resultado de tal política criminosa é a constante superlotação dos ônibus, muitos sem ventilação adequada, o que propicia o aumento dos contágios e atinge em cheio os trabalhadores que precisam enfrentar diariamente essa superexposição. Nós sabemos que a grande maioria dos trabalhadores não teve direito a quarentena remunerada desde o início da pandemia e novamente serão os mais expostos à retomada dos casos de Covid-19.

Da mesma forma, os trabalhadores da indústria enfrentam riscos iminentes de contágios. As confecções e as fábricas instaladas na cidade, em geral, funcionam em ambientes insalubres e com baixíssima ventilação. Há relatos de que empresários não tem garantido EPIs (equipamento de proteção individual) e testes, chegando ao absurdo, inclusive, de obrigar funcionários trabalharem doentes, com suspeita de infecção por Covid-19.

Defendemos a quarentena com renda e estabilidade no emprego para todos os trabalhadores da cidade. Somente assim controlaremos o vírus enquanto não tenhamos a vacinação em massa, política a qual Bolsonaro tem lutado contra.

Unidade para lutar pela vida dos trabalhadores

O PSTU de Nova Friburgo, desde o início da pandemia tem denunciado a atuação do prefeito Renato Bravo (PP). Sua política, nesse aspecto, não se diferencia essencialmente da prática negacionista do presidente Bolsonaro. Por aqui, o que prima é o atendimento dos interesses corporativos do grande empresariado local em detrimento do adoecimento e da morte da classe trabalhadora.

É necessário, nesse momento de agravamento da situação pandêmica, exigir que a Prefeitura garanta as medidas sanitárias de prevenção e de atendimento hospitalar digno a toda a população. É necessário também que se respeitem os profissionais de saúde com a garantia de condições de trabalho, minimamente descentes. Exigimos testes e um plano urgente de vacinação para todos.

Para isso, é fundamental construirmos uma luta organizada da classe trabalhadora na cidade, unificando as lutas dos operários, dos servidores públicos, dos bairros e comunidades contra a política do prefeito que reproduz aqui o que o genocida Bolsonaro faz em nível nacional. Os sindicatos e entidades do movimento popular precisam organizar este movimento por nossa sobrevivência. E isto necessariamente passa pela campanha geral pelo Fora Bolsonaro e Mourão.

É necessário construirmos uma greve geral na cidade e no país, além de apostarmos também nas outras formas de luta e mobilização que estão surgindo durante a pandemia.
Precisamos avançar na auto-organização dos trabalhadores, pela base, nas fábricas, nos bairros, nas escolas de nossa cidade.

Por um governo socialista dos trabalhadores

Em tempos de crise econômica e do aumento vertiginoso da pandemia, os capitalistas tentam recuperar seus lucros aumentando ainda mais a exploração sobre os trabalhadores. Mesmo que isto signifique matar, pela Covid, os milhares de trabalhadores como tem ocorrido.

Não queremos apenas barrar este processo de ganância inescrupulosa dos capitalistas. Nós defendemos a construção de outra sociedade, em que os trabalhadores governem o mundo. Uma sociedade em que tenhamos uma vida digna, com emprego, saúde, educação e seja livre de opressão e exploração. Somente uma sociedade controlada pelos trabalhadores, auto organizados em conselhos populares, pode garantir estas condições. A saída para Nova Friburgo, bem como para todo país e o mundo, é a construção de uma sociedade socialista!