O MTST tem o seguinte a manifestar aos companheiros comprometidos com o campo popular e os movimentos sociais a respeito do ato de 28 de maio em Taboão da Serra:

1. Há quase dois anos, o MTST deflagrou um processo de luta por moradia neste município através da ocupação de um latifúndio urbano, que originou o Acampamento Chico Mendes. Desde o início das negociações – que também envolveram as esferas federal e estadual -, a Prefeitura supostamente “democrático-popular” de Taboão da Serra se posicionou abertamente contra o Movimento, defendendo o despejo das famílias e, assim, os interesses da especulação imobiliária na cidade.

2. Depois de vários atos de pressão, com quase dez marchas em frente à Prefeitura e várias outras ações direcionadas aos governos federal e estadual, o MTST conseguiu garantir junto ao Ministério das Cidades, sem nenhuma ajuda da Prefeitura, um acordo de liberação de recursos para a construção de casas. Após meses de negociação emperrada na burocracia, conseguimos a opção de compra de um terreno localizado no Parque Laguna e chegamos a entendimentos de compra junto aos proprietários e à CEF.

3. Mas, não contente em não ajudar, a Prefeitura de Taboão da Serra – em especial a Secretaria de Habitação deste município, liderada pela Sra. Ângela Amaral, que posa de “parceira dos movimentos” – resolveu atrapalhar as negociações. Após comprometer-se em reunião com o desdobro da área (necessário para a compra) e com contrapartidas em infra-estrutura, a Prefeitura voltou atrás. Além disso, num claro ato de criminalização dos movimentos, entrou com uma ação judicial de interdito proibitório que impede o MTST de ocupar a referida área, sob a absurda pena de multa de R$100.000 ao dia! Estas foram as razões da marcha do último dia 28 de maio.

4. A Prefeitura recebeu o MTST com descaso, sem atender qualquer reivindicação. Diante disso e motivado por provocações vindas de dentro do prédio da Prefeitura, surgiu um conflito no portão da Prefeitura. Foi então que se iniciou uma brutal repressão por parte da Guarda civil municipal, comandada pela prefeitura, com o disparo de vários tiros de arma de fogo e agressão despropositada, inclusive contra mulheres e crianças. As conseqüências foram vários feridos e poderiam ter sido muito piores, dada a total irresponsabilidade e despreparo da ação da Guarda. A própria Polícia Militar manifestou seu descontentamento com a ação repressiva e entrará com procedimentos administrativos contra a Guarda.

5. Por fim, o MTST repudia por completo a repressão vinda da Prefeitura e ainda mais o cinismo de tentar justificar com palavreado de esquerda uma ação decididamente autoritária e anti-popular. Não são ações como estas que irão intimidar o MTST e interromper nossa luta na região. Ao contrário, registramos um BO contra a Prefeitura pela ação repressiva e já acionamos o Ministério Público para abertura de inquérito. E continuaremos lutando: se a Prefeitura não ceder às demandas novas lutas brotarão nos próximos dias, com a mesma combatividade e organização que marcam as ações do MTST em todo o país.

Taboão da Serra, 30 de maio de 2007

Coordenação Estadual do MTST-SP
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)