Chamado à solidariedade ante ao fatal terremoto que sacudiu Porto Príncipe, Haiti, em 12 de janeiro de 2010O terremoto de 12 de janeiro que abalou Porto Príncipe feriu profundamente a nós, o povo haitiano.

Além dos edifícios públicos, os bairros populares foram os mais destruídos. Não é surpreendente, são os mais fragéis, os mais instáveis: o Estado nunca nos propiciou nenhum serviço, nenhuma consolidação, nenhuma atenção. Ao contrário, sempre querem nos expulsar, deslocar, desta forma não temos nem tempo nem capacidade para consolidar nossa situação tão precária.

Enquanto alguns capitalistas tratam de forçar os operários a voltarem ao trabalho em fábricas ainda danificadas, enquanto os donos dos grandes comércios se opõem em distribuir suas mercadorias e as vendem a alto preço, enquanto o Estado mostra e demonstra novamente, como sempre, sua ausência, sua incapacidade e incompetência (a única coisa que sabem fazer é roubar e manobrar, apoiando os proprietários, os burgueses e outras multinacionais); enquanto a polícia nacional brilha por sua ausência (a única coisa que sabem fazer é reprimir o povo); enquanto as forças imperialistas estão claramente aproveitando-se da ajuda que dão para estabelecer uma evidente e, em sua intenção, definitiva tutela… operários, trabalhadores de todo tipo, massas populares em geral sofrem, extremamente dependentes, nesta situação catastrófica.

Alguns órgãos de imprensa têm estimulado o desenvolvimento de aspectos progressivos ao permitirem, por suas emissoras, o mínimo de coordenação no terreno, vários comitês populares estão trabalhando sem descanso para fazer todo o possível, mas: não há meios, não há capacidade de intervenção! Na verdade, este terremoto, além de ter nos massacrado, física e moralmente, supera em muito nossas capacidades populares de intervenção.

No Batay Ouvriye (Batalha Operária), apesar de seus quadros estarem em sua maioria vivos, muitos perderam familiares, casas, os escassos bens… muitos estão feridos, estropiados, enquanto temos que enterrar nossos mortos, sobreviver enquanto já é quase impossível.

Na medida do possível, recusamos passar pelas vias oficiais e governamentais de subministros. No entanto, a situação chega a ser impossível de se sustentar! Por isso, hoje, lançamos um CHAMADO DE SOLIDARIEDADE a todos os operários, todos os trabalhadores, todos os progressistas conseqüentes em todo o mundo para ajudar-nos a sair desta tão catastrófica situação.

De acordo com um inventário feito até agora, estas são as nossas necessidades:

Casas destruídas: US$ 50,000.00
Perda de bens: US$20,000.00
Feridos: US$10,000.00
Para sobreviver hoje: US$30,000.00
Gastos com mortos: US$10,000.00

Total US$120,000.00

A este total se deve acrescentar cerca de 40% devido à inflação galopante e que até agora não se sabe pra onde vai. Com isso, o total fica em aproximadamente US$170.000,00.

Depois da última grande mobilização em torno do salário mínimo, desenvolvemos vários contatos novos de camaradas operários valentes e coerentes. Vivem em bairros distantes, às vezes longes um do outro. Temos também que chegar a eles com nossa solidariedade ativa. Isso aumentará substancialmente os gastos. Por outro lado, nas zonas onde vivem os nossos militantes, algumas ações comunitárias de solidariedade popular têm ocorrido. Temos que nos envolver mais nelas para atrair aí nossas energias organizativas e, com isso, as orientações necessárias. Assim que seja possível (e, justamente, tendo à mão certa capacidade de intervenção mais concreta) oferecer novas iniciativas que serão em si (e no possível) resistência às formas de reconstrução que as classes dominantes se propõem realizar. Isso também vai requerer dinheiro. Considerando esses distintos tipos de ações e solidariedade, podemos dizer que o que necessitamos agora mesmo é, como total mesmo, uma soma de US$ 300.000,00.

Isso é o que nos permitirá sobreviver por agora, ajudar outros trabalhadores combatentes e conscientes a resolverem alguma coisa de sua vida concreta, e construir uma direção política na luta de classes que segue por cima dos escombros. Este último aspecto deve se desenvolver, se possível, rapidamente para conseguirmos reunir um máximo de força possível contra a um outro tipo de catástrofe que nos espera: a que os imperialistas, as classes dominantes e seu Estado reacionário estão nos preparando.

Agradecemos antecipadamente todos aqueles que se propõem em contribuir. O momento pede esta SOLIDARIEDADE internacional de classe. Se possível, ela, então, ajudará a aproximar, ainda mais ou inicialmente, avançando em nossa luta comum.

Para quem pensa mandar essa ajuda em espécie (medicamentos, água, comida, roupa, camas, cadeiras… ) o endereço de nossa sede em Porto Príncipe é: Batay Ouvrie, Delmas 16, #13 bis.

Para quem preferem mandar dinheiro, nossa conta bancária é:

Banco: City National Bank de Nova Jersey
Endereço: 900 Broad Street, Newark, NJ 07102
Número ABA: 0212-0163-9 Cidade de Newark, NJ
Para o crédito de:
Número da Conta: 01 000 98 45
Nome da Conta: Batay Ouvriye
Conta Endereço: Avenida João Paulo II, # 7

Naturalmente, deixaremos público a todos e cada um, a soma de dinheiro que recebermos em cada momento, e igualmente quanto custará cada atividade ou ação empenhada.

Batay Ouvriye

Porto Príncipe, 20 de janeiro de 2010