Diante da feroz repressão das tropas da ONU aos protestos contra o aumento dos preços dos alimentosNos últimos dias, milhares de haitianos saíram às ruas de Porto Príncipe e outras cidades haitianas para protestar contra os grandes aumentos do preço dos alimentos, o que agrava ainda mais a profunda pobreza e a miséria que sofre o povo deste país.

Dias antes de se generalizarem os aumentos, a organização Batay Ouvriye denunciou que a proposta de salário mínimo feita pelo governo fantocha de René Préval, de 3,95 dólares diários, era “inaceitável” e que nenhum trabalhador podia viver com menos de 12 dólares diários (o próprio governo reconhecia que, segundo seus cálculos, o mínimo que necessitava um trabalhador eram 8 dólares). Estima-se que 80% dos haitianos recebem menos que 2 dólares por dia.

Os protestos tiveram um caráter espontâneo e muitos manifestantes se dirigiram ao Palácio Nacional (sede do governo de René Préval) gritando “estamos com fome”, culpando-o pelo alto preço do arroz, das frutas e do leite, e exigindo sua renúncia e a saída das tropas da ONU do país. Além disso, segundo correspondentes da imprensa, em Petit-Goâve (zona sul), os manifestantes prenderam fogo numa base da Minustah.

Quando tentavam entrar no edifício presidencial, a polícia e as tropas da Minustah começaram a disparar contra a multidão, segundo os jornalistas presentes “a ponto de matar”, para afasta-la do perímetro da Casa do Governo e de outros edifícios públicos. Ao longo de vários dias de protesto, a repressão já deixou um saldo de, pelo menos, cinco mortos e dezenas de feridos.

A LIT-CI repudia esta feroz repressão e expressa sua completa solidariedade com o povo haitiano. Ao mesmo tempo, expressa que esses fatos desnudam nitidamente o verdadeiro papel da força de ocupação a serviço do imperialismo que cumpre a Minustah no Haiti. Longe de “garantir a paz” no país, como hipocritamente afirma a ONU, o verdadeiro papel é ser o “braço armado” de um plano pró-imperialista para oprimir e explorar ainda mais o povo haitiano e reprimi-lo violentamente se protestar contra esta situação.

Esta realidade faz ainda mais imperiosa a necessidade de redobrar a campanha pela imediata saída dos “capacetes azuis” do Haiti. Especialmente, exigindo aos governos latino-americanos que, como os do Brasil, do Chile, da Argentina, do Uruguai e da Bolívia, mantêm seus soldados nesse país, assassinando e disparando contra os haitianos. Chamamos a todas as organizações operárias, populares, de esquerda, antiimperialistas e democráticas a realizarem juntas atividades unitárias para fazer essas exigências.

Repudiemos a feroz repressão dos “capacetes azuis”!
Solidariedade ao povo haitiano!
Abaixo o governo fantoche de Préval!
Fora a Minustah do Haiti!

São Paulo, 9 de abril de 2008