O Opinião é herdeiro de uma tradição de mais de 35 anos de imprensa revolucionária no paísO jornal chega onde os militantes muitas vezes não conseguem chegar, e com ele, o partido. Por isso, nossa corrente sempre deu muita importância ao jornal. Nosso primeiro jornal foi o “Independência Operária”, com seu primeiro número editado em 1974, na Argentina. Significou o ponto de partida para a construção no Brasil da corrente Liga Operária, que deu origem à Convergência Socialista. Foi publicado até o começo de 1978.

Os nomes dos jornais foram mudando, de acordo com o nome que nosso partido foi adotando em cada momento. Mas seu conteúdo e a seriedade com que era feito sempre permaneceu. Por isso, podemos nos orgulhar de ser uma das únicas correntes de esquerda no Brasil a manter por mais de 35 anos uma imprensa regular e acessível aos trabalhadores e estudantes.

Independência Operária: quatro anos de lutas!
Em fevereiro de 1974 nasceu o “Independência Operária”. Escrito nas velhas e boas máquinas de escrever, tinha entre 6 a 8 páginas, saía quando dava, e era impresso em mimeógrafo, em papel sulfite. Os dois primeiros números foram impressos no exterior. Com uma apresentação gráfica muito boa, seu conteúdo dedicava-se a conjuntura em geral, refletindo o afastamento da luta de classes.

Mas nem por isso tinham uma visão incorreta da realidade. Em seu segundo número, de março de 1974, já trazia um chamado aos “trabalhadores, estudantes e todos os que estão contra a ditadura a lutar pela recuperação das liberdades democráticas” e pela defesa do nível de vida.

Somente seis meses depois surgiu a terceira edição, com modificações. De um lado, na forma: passou a ser totalmente feito no Brasil e, por não contar com infra-estrutura, em mimeógrafo a álcool. Mas, por outro lado, mostrou que a partir daquele momento (outubro de 1974) começava a se integrar na luta de classes do país.
O ano de 1975 se inicia com um violento ataque, contra vários militantes do PCB. O Independência Operária lançou um número especial e um manifesto, pela liberdade imediata dos presos.

Convergência Socialista na luta de classes
A partir de março de 1979 surge o “Convergência Socialista”, tablóide com 8 páginas, em papel jornal. O número zero traz o artigo “Estamos aprendendo tudo de uma vez só”, de Arnaldo Schreiner e Romildo Raposo, com a cobertura da greve metalúrgica em São Bernardo do Campo, São José dos Campos e Jundiaí. O número 1 sai em julho, com notícias sobre o Movimento Negro Unificado; e o número 2 na segunda quinzena, com matéria de capa sobre a Nicarágua, com o título “Todo Poder aos Sandinistas”. O número 3, em agosto de 1979, traz editorial sobre a construção do Partido dos Trabalhadores.

Em junho de 1980 o jornal lança campanha nacional pela devolução do Sindicato do ABC. Seria “parte da luta pela independência dos sindicatos do Estado, para que não haja mais intervenções e interferências do governo dos patrões sobre os sindicatos”. Noticia também o 1º Encontro Nacional do PT e defende “um partido classista, sem patrões”.

Na primeira quinzena de julho, o Convergência analisa que o Brasil, a partir de 1977, vivia uma mudança na disposição das massas para lutar. A princípio entre os estudantes, e depois em setores do proletariado e na classe média. Na edição seguinte, debate o papel dos socialistas nesta conjuntura e exige eleições livres.
Em setembro de 1980, o CS 20 traz reportagem sobre o ato em homenagem a Trotsky, no dia 29 de agosto. O ato em São Paulo reuniu representantes da OSI (Organização Socialista Internacionalista), que publicava o jornal “O Trabalho”, e da CS, além de trotskistas históricos como Hermínio Sachetta, Fúlvio Abramo, José Maria Crispim e Maurício Tragtenberg. O Rio de Janeiro também sediou um ato, com Mário Pedrosa e Edmundo Moniz, Elizabeth Huggins, e os ex-militantes da LCI (Liga Comunista Internacionalista), primeira organização trotskista no Brasil, Norma Muniz, Barreto Leite e Cursino Raposo.

Alicerce e as Diretas já!
O “Alicerce” 31, em novembro de 1983, traz na capa: “Aqui, como na Argentina, eleições diretas para presidente”. A campanha será mantida nos números seguintes. Em dezembro, o Alicerce anuncia a unificação de CS e “Alicerce” no “Alicerce da Juventude Socialista”. “Nos unimos pela necessidade de construir um partido socialista e revolucionário, parte do combate pela construção de uma organização revolucionária dos trabalhadores do mundo inteiro: a IV Internacional”.

Na edição 49, em abril de 1984, o jornal publica uma resolução política, apontando que a estratégia para derrubar a ditadura é greve geral pelas Diretas e contra a fome. Defende unificar a campanha das Diretas com mobilizações mínimas, as campanhas salariais, e o boicote ao colégio eleitoral. E, como propaganda, defende o não pagamento da dívida externa e Lula para presidente, com a palavra de ordem “por um governo dos trabalhadores”.

O jornal explica a retomada da “Convergência Socialista”: “Quando o ascenso dos trabalhadores se coloca no centro da situação política, o retorno da Convergência Socialista se faz necessário. Não somente uma organização para a juventude, mas a organização política vinculada às tradições da classe operária, uma ala socialista da CUT e do PT – enfim, a Convergência Socialista”. A partir daí, o jornal volta a chamar-se Convergência Socialista.

CS e o ascenso sindical
O CS 8, de julho de 1984, aanlisa que o Brasil vivia uma onda de lutas revolucionárias, que decretavam a agonia do regime e poderiam tê-lo derrubado, não fosse a traição das oposições burguesas. Eram também lutas contra a fome, com ocupações de fábricas e que também começam a desmantelar a estrutura sindical pelega.

“Essa revolução começou com os gigantescos atos pelas diretas de antes de 25 de abril e segue agora com a onda grevista. O seu primeiro choque se dá contra o regime militar ditatorial, assumindo um caráter imediato de revolução democrática, para, em seguida, avançar dentro do processo de revolução socialista, para a derrubada da burguesia (…). Na verdade, o processo brasileiro faz parte da mesma onda revolucionária que derrubou as ditaduras boliviana e argentina e que hoje golpeia as ditaduras no Chile, no Uruguai e até mesmo no Paraguai”.

“As mobilizações salariais que começaram em meio à campanha das diretas continuam generalizando os métodos mais revolucionários de luta. Assim, os bóias-frias incendeiam os canaviais, fazem piquetes armados e pequenos levantes: os operários tornam comum o método das ocupações de fábricas”. Por fim sistematiza: Governo do PT, da CUT e da Conclat. Não pagamento da dívida externa. Assembléia Constituinte livre e soberana, já!

O CS 30 sai em março de 1985, logo após o IX Congresso da Convergência Socialista, o primeiro após a queda da ditadura. Prevê que o novo governo tentará frear as lutas e greves salariais. E lança a pergunta se a burguesia terá sucesso em deter as mobilizações, apoiada na expectativa dos trabalhadores com o governo de Tancredo Neves.

O CS 49, em julho de 1985, informa que o argentino Nahuel Moreno, expulso pela ditadura, volta ao Brasil. O principal dirigente da Liga Internacional dos Trabalhadores havia sido preso em 1978, após a convenção do Movimento Convergência Socialista. É extraditado para a Colômbia e impedido de retornar ao Brasil. Em 9 de julho de 1985, o decreto de expulsão é revogado pelo então presidente José Sarney, no Diário Oficial.

A partir do número 77, de março de 1986, o CS sai com um subtítulo: “Um jornal operário e socialista a serviço da CUT e do PT”, e traz ampla cobertura das greves da classe trabalhadora e de sua reorganização, com a expulsão de pelegos dos sindicatos. O CS 83 (maio de 1986) inicia série de artigos sobre a Constituinte, debate que tomava conta do país e que resultaria na Constituição de 1988.

Uma opinião socialista
Em junho de 1996 nascia o Opinião Socialista, novo jornal do PSTU. Durante dois anos, desde a fundação do partido, o “Jornal do PSTU” ocupara o honroso posto de um dos mais regulares órgãos de imprensa da esquerda brasileira e fora fundamental para a consolidação desse novo partido e o seu projeto de defesa intransigente das reivindicações dos trabalhadores diante da ofensiva neoliberal e de defesa do socialismo. Mas a historia do Opinião não começa em 1996. Pode-se dizer que o jornal é herdeiro de uma longa tradição da imprensa revolucionária no país. Algo que muito nos orgulha, nestes seus 15 anos.
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