Cartaz do filme ``Eles não usam black tie``
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O ator, diretor e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri morreu no dia 22 de julho, aos 71 anos, deixando uma das mais marcantes obras do teatro brasileiro. Sua peça mais conhecida, “Eles não usam black tie“, foi escrita quando tinha apenas 23 anos, em 1956. A maioria deve (ou deveria) conhecê-la pelo filme dirigido por Leon Hirzman, em 1982, que transpôs o texto de Guarnieri para o ABC, colocando no centro da cena (ainda em plena ditadura), os operários, suas lutas, seu cotidiano e contradições.

Em uma atuação magistral, ao lado de Fernanda Montenegro e Milton Gonçalves (num papel para homenagear o metalúrgico Santo Dias, morto pela ditadura em 1976), Guarnieri deu voz para dois temasconstantes em sua vida: a fidelidade à luta e o sonho pela liberdade. Uma postura condizente com uma trajetória também dedicada à militância, iniciada no movimento estudantil.

Elementos sempre presentes em outros textos geniais, como “A semente” (61), “Arena conta Zumbi” (64), “Um grito parado no ar” (74) e “Ponto de Partida” (76), na qual Guarnieri usou uma história passada na Idade Média para denunciar o assassinato de Wladimir Herzog.

Uma obra e vida que, como poucas no cenário artístico nacional, merecem nosso respeito e homenagem.