Milhões padecem com a crise da saúde pública vivenciada em todo o país. A região Nordeste é a que mais sofre com essa crise. Uma região onde mora metade da população brasileira que vive abaixo da linha de pobreza e onde 90% da população depende exclusivamente do sistema público de saúde.

Poucos recursos financeiros, materiais e humanos: essa é a realidade dos hospitais públicos de todo o Nordeste. A crise ganhou destaque nacional quando os médicos iniciaram greves nos estados de Pernambuco e Alagoas. Em Pernambuco, mesmo com toda a repressão da Justiça, a categoria saiu vitoriosa, arrancando um reajuste de 35%. Em Alagoas, os médicos realizaram uma greve de 88 dias por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Reivindicavam um reajuste de 50%, enquanto o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) oferecia apenas 5%. Mesmo com toda a repressão imposta pela Justiça alagoana, a categoria também saiu vitoriosa com 39,31% de reajuste e conseguiu denunciar, em nível nacional, a calamidade pela qual passa a saúde pública em nossa região.

Há duas semanas, outra cena triste e revoltante revelou a crise da saúde pública no Nordeste brasileiro. Em apenas uma semana, 11 bebês morreram na Maternidade Hildete Falcão, em Aracaju (SE). A UTI Neonatal da maternidade tem capacidade para 15 bebês, porém chega a receber 29 de uma só vez. Em determinados horários, apenas dois funcionários cuidam de todos os recém-nascidos. Essa situação existe desde o governo de João Alves Filho (DEM) e prossegue com o governador Marcelo Déda (PT).

Política econômica: a raiz da crise da saúde pública brasileira
A saúde pública brasileira vive o caos devido à política econômica aplicada no país pelo governo Lula e por seus governadores capachos. Alega-se, no dia-a-dia, que não há dinheiro, mas todos sabemos que só não existe dinheiro para atender às necessidades da população pobre. Para a corrupção, tem de sobra.

Milhões são desviados das verbas públicas pelos governos de plantão, tanto os do PT e seus aliados, quanto os da velha direita (PSDB/DEM). Enquanto isso, milhões de brasileiros padecem nas filas de hospitais sem atendimento ou morrem, como foi o caso dos onze bebês em Aracaju.

Segundo a Agência Brasil, o governo Lula destinou R$ 62,5 bilhões de seu orçamento para área social. R$ 39 bilhões desse orçamento deveriam ser investidos na saúde. Sabemos, contudo, que isso não satisfaz à necessidade real dos trabalhadores, pois essa não é a prioridade de nenhum governo.

Somente no ano passado, foram repassados aos cofres dos grandes bancos R$ 275 bilhões como pagamento dos juros e amortizações das dívidas externa e interna, o que correspondeu a 36,7% de todo o orçamento do governo em 2006 e nove vezes o que vai ser investido em saúde durante todo o ano de 2007.

Em meio à crise, o ministro da fazenda, Guido Mantega, que em fevereiro contigenciou R$4 bilhões do orçamento destinado a saúde, teve a cara-de-pau de dizer que saúde é prioridade no governo Lula. No último dia 3, depois de muita análise para não comprometer os acordos com os grandes bancos, o ministro resolveu liberar R$ 2 bilhões desse dinheiro para ser aplicado, especialmente, no Nordeste.

Isso quer dizer que tudo vai continuar como está, pois esse valor é insignificante para resolver a crise. Na Maternidade Hildete Falcão, continuará havendo berços com três bebês, leitos e médicos insuficientes e, como revelou a Vigilância Sanitária, falta até de papel higiênico e sabão líquido.