Max Mol, Professor da rede Estadual na região do Barreiro e militante do PSTU MG

O Governo Bolsonaro, agora, quer aprovar a PL 5594/20, que transforma a educação em um serviço essencial. Infelizmente, conta com uma base forte para aprovar esse projeto, que já foi colocado em regime de urgência e provavelmente será votado ainda essa semana sem precisar passar por nenhuma comissão. Se for aprovada no Senado, vai para a sansão do Presidente. Dória, Governador de São Paulo e que teve suas desavenças com Bolsonaro, já está aplicando essa medida. O resultado foi mais de 70 óbitos e 1079 escolas que registraram casos de Covid, segundo relatório do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (APEOESP).

Não é de hoje que a educação vem sofrendo inúmeros ataques por parte dos diversos governos que administraram o capitalismo verde e amarelo. Cortes no orçamento, privatizações, aumento do tempo de trabalho para aposentadoria, descumprimento da lei do piso salarial nacional e repasses milionários para os barões do ensino privado foram apenas algumas das medidas adotadas por esses governos, sejam eles de direita ou de esquerda.

As consequências dessa série de ataques conhecemos muito bem, em especial aqueles e aquelas que atuam nas escolas e que sempre precisaram da educação pública e gratuita, ou seja, o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras. A Escola e as universidades púbicas sempre foram tratadas com descaso. Cortes nos salários, falta de condições de trabalho, ataques aos direitos democráticos, assédio moral, corte de ponto e perda de direitos e da estabilidade no emprego foram algumas dessas consequências. Mas não ficou por isso mesmo.

Os trabalhadores e trabalhadoras da educação carregam um histórico de muita luta. Sempre resistiram a todos os ataques vindos de todos os lados. E diante de sua resistência, foram tratados com a brutalidade das borrachas que o nosso capitalismo periférico herdou da Ditadura Militar. Os trabalhadores da educação sempre foram tratados pelo Estado brasileiro com muita violência e desmoralização, em todos os sentidos possíveis e imagináveis.

Em Minas Gerais, governos como o de Aécio Neves, Anastasia fizeram profundos ataques a educaçãço. Durante o Governo Pimentel (PT), a luta por valorização e contra a precarização da educação foi respondida com borrachada pra todo lado. Imagens de professores sangrando viralizaram pelas redes sociais e deixaram escancaradas a forma por meio da qual o capitalismo de esquerda manteve o controle da classe trabalhadora. Agora, o Governo Zema (NOVO) aprofunda e precarização do ensino, atrasa o salários do funcionalismo público, aprova uma Reforma da Previdência ainda pior que a de Bolsonaro e ainda quer aprovar mais ataques, como a Reforma Administrativa.

No primeiro ano do Governo Bolsonaro, a educação também se levantou contra o corte de verbas para a educação e foram chamados pelo governo e seus apoiadores de baderneiros.

Isso porque, na verdade, nenhum desses governos chegaram um dia a considerar os trabalhadores em educação como trabalhadores essenciais. Se realmente o fossem para esses governos, teriam mais investimentos em formação, em pesquisa, se ampliaria as universidades e as escolas públicas. Para que os educadores sejam realmente tratados como trabalhadores essenciais, em primeiro lugar, tem que preservar suas vidas. E isso significa mantê-los em casa até que a vacinação chegue a todos e todas. Isto é o oposto do que pretendem fazer o genocida Bolsonaro e seus cúmplices no Congresso Nacional.

Bolsonaro, o Congresso e os governadores, que não adotaram as medidas de isolamento social necessárias, não realizaram testagem em massa, não coordenaram o combate ao covid realizando um lockdown nacional lá no início (evitando assim a perda de vidas), boicotaram a vacinação e zombaram com a vida do povo não estão nem aí para a educação. Nunca estiveram. Querem calar os trabalhadores em educação, mesmo que isto signifique matar  professores, trabalhadores/as dos serviços gerais e do administrativo, as direções das escolas e alunos,  porque sabem que os trabalhadores da educação estarão a frente quando a explosão social começar no Brasil. Nós, trabalhadores e trabalhadoras da educação pública fomos e continuaremos sendo a vanguarda das lutas em defesa dos nossos direitos, pelas liberdades democráticas e de uma sociedade onde aqueles que tanto trabalham pra produzir todas as riquezas do mundo possam dela usufruir.

Esse projeto é uma verdadeira declaração de guerra. As direções do movimento, com a máxima urgência, precisam sair da imobilidade e responder à altura. Precisam chamar pra já uma GREVE GERAL SANITÁRIA, assim como tem feito a CSP-Conlutas em todas as suas frentes de atuação.

Em segundo lugar, é impossível que os trabalhadores em educação sejam tratados com dignidade, respeito e sejam valorizados em uma sociedade que só pensa em acumular riquezas nas mãos de um pequeno grupo de pessoas. Em uma sociedade voltada para o lucro de uma parcela mínima da população mundial (os capitalistas), a escola e os seus trabalhadores servem apenas para formar indivíduos capazes de garantir a reprodução do lucro desses capitalistas e manter os seus negócios funcionando. Se precisarem morrer para isso, que seja. Aí sim são vistos como essenciais. Não podemos aceitar isto. TODOS E TODAS A LUTA!

 

Pela ampla vacinação para que a volta as aulas aconteça com segurança!

Pra isso, é necessário que se quebre todas as patentes!

É preciso garantir um Lockdown nacional para salvar as vidas da classe trabalhadora!

Por um auxílio emergencial para os desempregados, pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos!

É preciso botarmos Bolsonaro e Mourão pra fora Já! Não dá pra esperar até 2022!