Capa da cartilha

Atividade classista e distribuição da cartilha foram parte das atividades do 8 de março promovidas pelo Sindipetro-LPEm 2012, foi criado o Departamento de Mulheres e realizado o I Encontro de Petroleiras do Litoral Paulista. Em 2013, para o Dia Internacional de Luta da Mulher, foi distribuída uma cartilha sobre assédio moral e sexual no local de trabalho, material dedicado principalmente à força de trabalho feminina, a principal vítima dos abusos dos patrões.

É dessa forma, com iniciativas embrionárias, que o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), membro da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), tem despontado na categoria petroleira como uma das entidades que estão na linha de frente da batalha contra o machismo e a opressão.

A tarefa não é pequena. Embora as mulheres representem quase metade da força de trabalho brasileira, na Petrobrás a realidade é bem diferente. Com muitos empregados espalhados no chão de fábrica, atuando na operação das unidades, o espaço reservado para as mulheres em um ambiente tradicionalmente de homens ainda é minúsculo.

Na maior empresa do país, signatária dos ‘Princípios do Empoderamento das Mulheres’ da ONU e presidida por uma mulher, Graça Foster, a ideologia machista de que mulher não é capaz de assumir as mesmas tarefas dos homens tem terreno fértil. De um total de mais de 90 mil empregados, segundo dados da própria companhia, hoje há um total de 9.652 mulheres, a maior parte nas áreas administrativas. Este número representa um pouco mais de 15,6% do seu efetivo total de empregados.

Na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), por exemplo, elas representam apenas 7% de toda força de trabalho. Na Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), no Litoral Norte de São Paulo, são apenas cinco petroleiras espalhadas em uma unidade que abriga mais de 100 petroleiros.

Mas o problema não é apenas estatístico. Segundo pesquisa de gênero realizada, em 2009, pela Ouvidoria da Petrobras, mulheres são as maiores vítimas de assédio moral e sexual dentro da empresa. Das petroleiras ouvidas, 25% afirmaram que já tinham sido vítimas de assédio moral e 36,4% que já haviam presenciado situações de assédio moral no ambiente de trabalho. Em relação às situações de assédio sexual, 9,9% das entrevistadas afirmaram já terem sido vítimas.

Esses números mantêm na invisibilidade as trabalhadoras que se sentiram constrangidas em relatar seus dramas. Invisibilidade que, mesmo timidamente, começa a esmorecer com o trabalho desenvolvido pelo Departamento de Mulheres do Sindipetro-LP.

Em vez de flores ou brindes, como a Petrobrás sempre faz no 8 de março, fizemos uma atividade classista, com um claro contraponto à ideologia de que as mulheres conquistaram espaço no mercado de trabalho e já estão em pé de igualdade com os homens. Tocamos o dedo na ferida, que não é pequena, e lembramos aos trabalhadores de que a guerra não é entre homens e mulheres, mas sim entre a classe operária e os patrões.

No Dia Internacional de Luta da Mulher, aproveitamos a data para ouvir os relatos das companheiras mulheres, muitos deles carregados de dor e de sofrimento. Aproveitamos também para conversar com os companheiros e alertá-los da necessidade de que se somem à luta contra o machismo, que divide a categoria, divide os trabalhadores e abre uma avenida aos empresários para a retirada de direitos e mais ataques.

Neste sentido, a construção da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) é parte importante desta luta, pois significa uma alternativa à degeneração que hoje corrói a Federação Única dos Petroleiros (FUP), filiada à CUT, pois está totalmente cooptada pela empresa e pelo governo do PT.

E para nós, mulheres, a organização da luta contra o machismo se passa por sindicatos independentes e de luta. É isso que estamos, aos poucos e com muita força de vontade, construindo no Litoral Paulista.