Segundo o site da rádio Metrópole Haiti, várias pessoas que vivem em Cité Soleil, a maior favela de Porto Príncipe, capital do Haiti, se alimentam de uma pasta argilosa, mistura de terra, manteiga, sal e água. Em razão da alta dos preços dos alimentos, esta “refeição” é cada vez mais consumida no Haiti.

De acordo com o depoimento de uma mulher desempregada entrevistada pela rádio, depois de consumir essa mistura ela e seus filhos bebem cerca de um litro de água para dar a impressão de que há qualquer coisa no estômago.

Uma das “fábricas” da pasta argilosa fica perto da base da Minustah, a missão “de paz” da ONU liderada pelo Brasil. De acordo com a proprietária, o produto é feito mergulhando a terra em água, adicionando sal e deixando secar nos tetos das casas. Ela diz que chega a vender dois sacos de terra por dia, o que garante que ela possa alimentar sua família com comida “para os humanos”.

De fevereiro de 2007 a fevereiro deste ano, o arroz subiu 24%, e o governo haitiano foi obrigado a suspender as exportações do produto. A farinha de trigo subiu 31,2% no mesmo período, e o pão, 27%.

Resultado da fome sofrida pelos haitianos, várias manifestações contra a alta dos alimentos acabaram em mortos e feridos pela violenta polícia local e pelos soldados da ONU, muitos deles brasileiros.

Para “resolver” essa situação, o Banco Mundial anunciou uma ajuda de incríveis US$ 10 milhões ao Haiti. Com a crise financeira mundial, os países imperialistas anunciam todos os dias ajudas de bilhões de dólares para salvar os bancos. Só o pacote de ajuda aos bancos da Inglaterra, lançado na semana passada, é de “apenas” R$ 100 bilhões. Ou seja, os pobres bancos ingleses são 10 mil vezes mais importantes que os 8,5 milhões de habitantes do Haiti.