Acordo mostra os limites do “antiimperialismo” de Chávez e Correa. Documento assinado por ambos reitera combate a “grupos ilegais”Se por um lado, é importante apontar o imperialismo e seu aliado Uribe como responsáveis pela crise, por outro, não é menos importante fazer uma avaliação da política “antiimperialista” de Chávez e Correa. Ambos fizeram críticas a Uribe e Bush, romperam relações diplomáticas e deslocaram tropas para as fronteiras, mas, ao final, tudo acabou em tapinhas nas costas…

Como se não bastasse, no afã de buscar um acordo, Chávez chegou a dizer que ele mesmo combateu a guerrilha. Segundo declaração publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, Chávez teria combatido as Farc quando recém-formado pela Academia Militar.

Levados pela retórica de Chávez, muitos defensores do chavismo apostavam que o venezuelano resistiria aos planos de Bush. Mais uma vez, cometeram um grande equívoco e agora terão que explicar os apertos de mão. Terão também que explicar porque Chávez e Correa foram favoráveis a um acordo obscuro que reitera o “compromisso de combater as ameaças (…) provenientes da ação de grupos ilegais ou de organizações criminais”. O que isso quer dizer? Que os países signatários do acordo (como Chávez e Correa) se comprometem a reprimir as Farc? Dias depois da reunião, o exército do Equador prendeu cinco guerrilheiros das Farc.

Todo o episódio mostrou até onde vai o suposto “antiimperialismo” dos dois presidentes.

Acontece que Chávez e Correa governam para suas respectivas burguesias e, apesar dos discursos nacionalistas, seu horizontes políticos se encontram na defesa da ordem capitalista. Diante da provocação imperialista, não bastam discursos e frase de efeito. Era preciso travar uma batalha conseqüente contra o imperialismo. Era preciso transformar a indignação dos povos latino-americanos em posições antiimperialistas efetivas.

Em primeiro lugar, era preciso apelar para a unidade dos trabalhadores latino-americanos, em especial os trabalhadores colombianos, contra o imperialismo e seus governos no continente.

Apesar de sua retórica, Correa nem cogitou expulsar os soldados norte-americanos que estão na base militar de Manta no Equador – base que foi utilizada pra atacar o próprio Equador!

Chávez, por sua vez, seguiu colaborando com a burguesia norte-americana no terreno econômico, com concessões às multinacionais, às petroleiras e fornecimento de petróleo aos EUA.

Mesmo sabendo que o imperialismo estava por trás do conflito, em nenhum momento os presidentes falaram em expropriar as multinacionais norte-americanas que exploram seus países, ou em suspender o pagamento da dívida externa que suga a riqueza do Equador e da Venezuela para financiar o Plano Colômbia do imperialismo/Uribe.
Para efetivar uma verdadeira unidade dos trabalhadores e dos povos venezuelano e equatoriano contra as agressões do governo Uribe e do imperialismo, é fundamental exigir que os governos de Venezuela e Equador atendam às justas reivindicações da classe operária, como o fim do arrocho dos salários, a liberdade e autonomia sindicais e o fim da perseguição política aos dirigentes sindicais e demais ativistas e lutadores sociais.

Não é possível que Chávez fale em enfrentar o imperialismo ao mesmo tempo em que reprime greves e lutas operárias em seu país, como aconteceu recentemente com a greve dos trabalhadores da Sidor (leia matéria na página 9), e que ainda demita da PDVSA um dirigente sindical como Orlando Chirino, da UNT.

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