Saguão do Unibanco Arteplex ocupado pelos estudantes
Jorge Badauí

No dia em que é comemorado o Dia Nacional de Luta dos Estudantes, o movimento estudantil carioca promoveu uma importante ação na disputa para que os estudantes e trabalhadores não paguem pela crise. Mais de 300 estudantes, entre secundaristas e universitários, e diversas entidades do movimento estudantil ocuparam o salão do cinema Unibanco Arteplex em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A manifestação foi em protesto contra o Projeto de Lei 4571/2008, que restringe o direito à meia-entrada e estabelece a volta do monopólio das carteirinhas da UNE.

No momento em que a os efeitos da crise econômica mundial no Brasil desmentem a tese da “marolinha” de Lula, os empresários da cultura e do entretenimento fazem lobby para compensar a queda nos seus lucros para que seja aprovado um ataque ao histórico direito à meia-entrada. Se passar, a medida vai aprofundar ainda mais a exclusão cultural que sofre grande parte da juventude brasileira. Por isso, o movimento exige do Presidente Lula que vete o projeto.

Com um claro espírito de unidade, os estudantes presentes ocuparam o cinema por cerca de duas horas. Eles atraíram a atenção da imprensa, além da simpatia dos pedestres que passavam curiosos com o que acontecia no interior da casa. As palavras-de-ordem entoadas pelos jovens deixavam clara a disposição de luta que anunciava que o movimento em defesa da meia-entrada apenas começara: “por essa crise não vou pagar / a meia-entrada ninguém vai me tirar” e “ô Lula, eu vou cobrar / a meia-entrada não pode acabar”.

Para ter unidade da luta, a UNE deve abrir mão do monopólio de suas carteirinhas
Uma polêmica, no entanto, ficou expressa nas faixas e intervenções dos ativistas e das entidades. Apesar de se posicionarem contra a restrição da meia-entrada, a UNE e a UBES defenderam com firmeza a volta do monopólio de suas carteirinhas como documento necessário ao benefício aos estudantes.

“Entendemos que o monopólio das carteirinhas da UNE e da UBES significam, sobretudo, uma outra forma de restrição ao direito. Ou por que os empresários estariam interessados? Hoje, com qualquer documento estudantil de seu curso ou colégio o estudante pode pagar meia nos cinemas. Além de dificultar a aquisição do documento, trata-se do interesse dos patrões de aumentar a arrecadação de uma entidade totalmente corrompida pelo governo e que em nada mais tem a ver com a luta dos estudantes”, disse Rafael Nunes, do DCE da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), resumindo a polêmica.

“Necessitamos muito da unidade neste momento, o que significa lutar junto com todos que estão contra a restrição do direito. Mas para ir a fundo nessa luta e garantir a unidade, achamos que a UNE deve abrir mão do monopólio das carteirinhas. Essa posição, além de equivocada e voltada unicamente ao seu próprio interesse, fortalece um dos argumentos dos empresários interessados na restrição”, falou Camila Lisboa, da Comissão Organizadora do Congresso Nacional dos Estudantes, durante o ato.

No dia 30 de março, Dia Nacional de Luta contra as demissões, o movimento participou, numa coluna própria, do ato unitário com os trabalhadores. Ao final da ocupação do cinema, palavras-de-ordem também firmaram o compromisso dos estudantes presentes em fortalecer a manifestação nacional: “o estudante que quer cultura / no dia 30 vai botar a cara na rua!”, cantavam em clima de vitória os manifestantes.

A Juventude do PSTU marcou presença na manifestação com suas bandeiras, panfletos, sua militância e entusiasmo para a luta, chamando os estudantes presentes a intensificarem a luta em defesa da meia-entrada, na perspectiva de uma luta unitária com a classe trabalhadora para que os ricos paguem pela crise. E com convicção e ousadia defende que contra a crise econômica e a mercantilização da cultura, só o socialismo é saída.

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