O ato ‘Ditadura Militar, anistia política e direito de organização de base’, mais do que uma denúncia do regime militar, serviu como resgate histórico. A mesa foi composta por diversos perseguidos, militantes do movimento sindical, presos e demitidos. Muitos fizeram parte da corrente Convergência Socialista, antecessora do PSTU, e hoje movem uma campanha por reparação.

Um dos objetivos do ato foi resgatar o protagonismo da classe trabalhadora na luta contra a ditadura. “Na memória da luta contra a ditadura, fala-se pouco ou quase nada do movimento sindical ou popular”, afirmou o ex-presidente do Movimento de Oposição Sindical dos Metalúrgicos de São Paulo ( MOSMSP), Sebastião Neto. “A primeira vítima da ditadura foram os trabalhadores”, lembrou Egmar Santos, vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Maria Salay, ex-metalúrgica em Santo André (SP), fez um relato emocionante sobre a atuação sindical no período. E lembrou: “A ditadura dentro das fábricas não terminou”. O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, relatou o apoio das empresas à repressão. “A GM forneceu todos os veículos que a repressão precisava”, disse o deputado, que lembrou o Pinheirinho. “A perseguição sofrida ali por essa central e pelo PSTU é a mesma que sofremos na ditadura”, opinou.

Se a repressão não acabou, os mandantes também permanecem impunes. “Temos que levar os torturadores aos bancos dos réus, mas principalmente as pessoas a quem serviam tais crimes” , opinou Sebastião Neto. “Os financiadores de ontem e de hoje são os mesmos”, afirmou Zé Maria, dirigente da CSP-Conlutas, ex-preso e torturado. Coincidentemente, o dia do ato, 28 de abril, marcava o aniversário de 35 anos da primeira prisão de Zé Maria, enquanto distribuía panfletos sobre o 1º de Maio.

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