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Redação

Trabalhadores negros são maioria dos desempregados e recebem quase metade

De acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada nesta sexta, 63,7% dos desempregados no Brasil eram negros (pretos ou pardos pela definição do IBGE). São 8,3 dos mais de 13 milhões de trabalhadores que estão na contabilidade oficial de desempregados.

Entre os negros, a taxa de desemprego é de 14,6%, enquanto que entre os trabalhadores brancos é de 9,9%. A taxa do desemprego em geral no país é de 12,4%. É como se houvessem dois países: os brancos estão na França (9,7% de desemprego) e os negros na Síria (14,3%).

Esses são os números de desemprego oficiais, ou seja, contando com os critérios que o IBGE define como desemprego, bastante questionáveis. Para o IBGE são desempregadas aquelas pessoas que não tinham trabalho, mas que procuraram serviço nos 30 dias anteriores à pesquisa. Desconsidera, por exemplo, aqueles que já desistiram de conseguir emprego (desemprego por desalento), assim como aqueles que estão em trabalho precários.

Um número mais realista e preciso sobre o desemprego no Brasil é o da “subutilização da força de trabalho” (desocupados, subocupados por insuficiência de horas e os que estão na “força de trabalho potencial”), também divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. No 3º trimestre de 2017, essa taxa foi de 23,9%. São 26,8 milhões de trabalhadores sem um emprego que se possa chamar de tal.

No caso da população negra, essa taxa é bem maior: 28,3%. São 17,6 das 26,8 milhões de pessoas “subutilizadas” no Brasil. No caso do rendimento da população negra, essa diferença fica ainda mais gritante. Enquanto que o rendimento médio dos trabalhadores brancos é de R$ 2.757, o de um trabalhador negro é de só R$ 1.531.

Isso mostra como a reforma trabalhista vai afetar sobretudo os trabalhadores negros, em sua maioria empregados nos serviços mais precários e que pagam menos, como a agricultura, construção, e no serviço doméstico, em que representam 66% dos trabalhadores domésticos. Aqui, a grande maioria ocupada pelas trabalhadoras negras.

No Brasil, os negros e negras que sobrevivem ao genocídio policial nas periferias, enfrentam o desemprego, a precarização e os baixos salários.

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