Bandeiras nas estátuas dos bandeirantes
Kit Gaion

Atos mobilizam ativistas e comunidade. Novo protesto será nesta sexta, dia 16Na quarta-feira, dia 07, às 14h, um carro de som aglutinava um grupo de pessoas à saída da mesquita do Brás. Assim que saíram em marcha pelas ruas de intenso comércio do tradicional bairro árabe-brasileiro, a passeata em pouco tempo reuniu mil pessoas. Eram os trabalhadores da região e os comerciantes que abandonavam a rotina para declarar seu luto e solidariedade aos palestinos vítimas de Israel. No carro de som, as músicas da vitória do Hizbollah contra Israel em 2006 ressoavam e apontavam a saída verdadeira para o conflito: a derrota de Israel.

Na sexta-feira, dia 9, cerca de 200 pessoas realizaram um protesto que cada vez mais ganha popularidade e apoio dos trabalhadores e jovens do mundo: a sapatada. Lançados contra bonecos vestidos com os ternos de sangue e os rostos de louça de Bush e Olmert, os sapatos demonstraram, à maneira árabe, o repúdio ao imperialismo e ao genocídio. Principalmente impulsionado por ativistas de movimentos sociais e sindicatos, o ato teve nas falas grande destaque à solidariedade dos brasileiros aos palestinos, não apenas por dever humanitário, mas também por união na luta, uma vez que uma derrota de Israel em Gaza e outra dos EUA no Iraque dificultariam a exploração do imperialismo em todos os países.

Já no domingo, dia 11, a Avenida Paulista estremeceu sob o grito enfurecido de cinco mil manifestantes, vindos de inúmeras regiões, comunidades e organizações, que elevavam sua voz com inúmeras palavras-de-ordem. Muitas frases foram cantadas em árabe, como a que dizia: “com minha alma, com meu sangue, defender-te-ei, ó Palestina!”

A passeata, convocada pela Frente em Defesa do Povo Palestino, ocupava mais da metade da extensão da avenida Brigadeiro Luís Antônio, até chegar à praça do Monumento às Bandeiras, próximo do parque Ibirapuera. Ali, os kafyehs, o tradicional lenço da causa palestino, e enormes bandeiras palestinas cobriram as estátuas dos bandeirantes, de Brecheret. Assim, demonstravam que a solidariedade internacional, expressa nas lutas, é mais forte que qualquer imagem de força de elites regionais.

Pela ruptura de relações com Israel
Dezenas de cartazes subvertiam as campanhas mentirosas da mídia e diziam com todas as letras: “Terrorista”, sobre as imagens de Bush, Olmert, Ehud Barak e Tzipi Livni. No carro de som, uma das falas mais contundentes veio de Fabio Bosco, em nome do PSTU, exigindo do governo Lula a retirada do embaixador e a ruptura das negociações pelo Tratado de Livre Comércio Mercosul-Israel. Bosco também exigiu dos governos árabes a ampla liberdade de manifestação e organização armada pró-Palestina, e chamou a luta contra os governos aliados de Israel, como o egípcio e o jordaniano.

O discurso destôou do de algumas falas governistas, durante o ato, mesmo em solidariedade aos palestinos, buscaram estabelecer que a luta era contra a desproporcionalidade do ataque de Israel. E se calaram sobre o papel do Brasil.

Lula mantém o corpo consular brasileiro em Israel, legitimando a existência dos Estado de Israel, inclusive suas provocações bélicas, bem pouco diplomáticas. E, mais ainda, o governo Lula votou o acordo do Tratado de Livre Comércio entre Mercosul e Israel. Não é difícil de compreender que tal tratado gera legitimidade e lucros ao Estado militarizado de Israel, para continuar massacrando os palestinos. Até mesmo a ajuda humanitária enviada pelo governo brasileiro foi destruída no ataque desta quinta-feira, dia 15, a uma instalação da ONU.

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