Niterói foi a cidade mais atingida pela tragédia, com pelo menos 125 das já confirmadas. No desabamento do Morro do Bumba, estima-se que as vítimas podem chegar a 150.

Os números demonstram a incompetência do poder público e para quem governam o estado e seus mandatários de plantão.

Sustentado predominantemente por empresários ligados à especulação imobiliária, o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira (PDT), privilegia o investimento de verbas públicas municipais em projetos mirabolantes, como o Caminho Niemeyer, enquanto destina verbas irrisórias para a Secretaria de Segurança e Defesa Civil – cerca de R$ 6,6 milhões, insuficiente para aumentar a capacidade de socorro em situações como esta.

Enquanto o prefeito e o governador destinaram R$ 20 milhões para a construção de uma torre panorâmica do Caminho Niemeyer, foram destinados apenas R$ 50 mil por ano para investimentos em estrutura e reforma urbana, incluídas as obras de contenção de encostas.

Responsabilidade também é do PT
As declarações do prefeito revelam sua omissão e a responsabilidade sobre as mortes no Morro do Bumba. Uma tragédia anunciada, que a prefeitura poderia ter evitado, mas preferiu tapar os olhos e colocar vidas em risco. Agora, Jorge Roberto perde a voz, engasga, sem conseguir sequer respostas para explicar a terra e o lixo sobre as casas.

Mas a responsabilidade pela tragédia não é apenas de Jorge Roberto e de secretários como Mocarzel. Também é responsabilidade do PT, que desde 1997 administra a cidade em aliança com o PDT. Repetindo o que fez nacionalmente, o PT foi também gestor dos interesses da burguesia em Niterói. O partido está de mãos dadas com empresários do transporte, a especulação imobiliária e os patrões da indústria naval. Dirigiu secretarias, formou blocos na Câmara e chegou a governar diretamente a cidade por seis anos, até 2008, com Godofredo Pinto.

Solidariedade dos trabalhadores e estudantes
A real ajuda aos necessitados vem da solidariedade que espontaneamente os trabalhadores constroem no dia a dia nas comunidades, bairros e sindicatos.
No último dia 8, as associações de moradores como a do Morro do Estado, sindicatos, como o SINTUFF (trabalhadores da UFF) e o SEPE-RJ (profissionais de educação do Rio), o movimento estudantil e o movimento popular se reuniram para construir um movimento político por uma reforma urbana dos trabalhadores. O movimento também vai fazer uma campanha de solidariedade classista aos atingidos pelas chuvas, que exija dos governantes medidas concretas para atender esses moradores, começando pela moradia.

Os estudantes da UFF (Universidade Federal Fluminense) também vão se organizar em torno destas campanhas, através dos Diretórios Acadêmicos de Geografia e Educação Física, o coletivo “Não vou me adaptar – UFF” (que constroem a Anel) e o DCE-UFF.
O PSTU de Niterói e São Gonçalo, cidade vizinha duramente atingida pelas chuvas, apoia estas iniciativas, se somando a elas com sua militância.

Somente um governo dos trabalhadores, com um programa socialista, será capaz de garantir melhorias concretas para a população, como esgoto e saneamento; contenção de encostas; construção de escolas e hospitais; construção de casas populares em locais seguros e próximos aos locais de trabalho; transportes coletivos públicos e de qualidade.

Garantir, de fato, uma vida digna para aqueles que produzem a riqueza. E não a farsa da cidade com qualidade de vida, tão repetida pelos governantes de Niterói. Uma mentira que veio abaixo junto com as encostas.

Post author Heitor Fernandes, ex-candidato a prefeito,de Niterói pelo PSTU
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