No último programa de TV do PT, Lula desautorizou o MST pela invasão da fazenda de FHC e tratou de tranqüilizar os latifundiários de que no seu governo não haverá ocupação de terra. Numa palestra na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Lula falou: “Ninguém representa tanto a estabilidade como eu. Ninguém tem o apoio que eu tenho no movimento sindical, no movimento social e popular”. No Congresso, o partido socorre o governo para votar a CPMF e sete medidas provisórias. “Nós jogamos na governabilidade. Hoje e para o próximo governo”, diz João Paulo Cunha, líder do PT na Câmara.

Neste sentido, Lula e o PT se utilizam de um forte argumento para ganhar a confiança da burguesia e do imperialismo: que um eventual governo do PT seria a melhor garantia para controlar o movimento de massas diante do aprofundamento da crise econômica e social. Mais subserviência, impossível.

Retrocesso para os Trabalhadores

Com este programa e perfil a candidatura de Lula e o PT cumprem, para falar as coisas como são, um papel reacionário, pois se propõem a convencer os trabalhadores de que a única saída é a manutenção do atual modelo econômico com a adoção de algumas esmolas sociais compensatórias que, inclusive, foram até adotadas pelo governo FHC, como o programa bolsa-escola.

A política de alianças de Lula e do PT, que persegue a coligação com o PL a todo custo para ter na vice-presidência José Alencar, “o patrão que o Brasil precisa”, deseduca os trabalhadores ao propor um governo de coalizão com a burguesia.

Quanta distância da campanha de 1982, quando Lula se candidatou ao governo de São Paulo afirmando que “o resto é burguês”. Quanta diferença do partido que em 1985 boicotou a eleição indireta de Tancredo e, em 1988, recusou-se a assinar a Constituição, afirmando que: “O PT, como partido que almeja o socialismo, é por natureza contrário à ordem burguesa, sustentáculo do capitalismo”.

Como partido que defende os interesses históricos dos trabalhadores o PT está morto. Em seu lugar, surge um outro PT, que se propõe a governar com e para os grandes capitalistas. Isto coloca para todas as correntes da esquerda – para nós do PSTU, a esquerda petista e o MST – que seguem defendendo o socialismo e a revolução, um grande desafio: construir um novo partido de massas que resgate a independência de classe e uma estratégia socialista, abandonadas pelo PT. Seguir apostando no PT como via de mão única só retardará a construção de uma nova direção para classe trabalhadora brasileira e levará a desmoralização de dezenas de milhares de ativistas.

O desafio de construir um novo partido está posto. E é preciso encará-lo de frente, como a esquerda socialista fez em 1979, quando propôs um partido da classe trabalhadora.