Foto: Rio na Rua

Ano novo, e a PM do Rio é a mesma: segue matando

Ao contrário do clima de euforia e otimismo que a imprensa tenta retratar, a passagem de ano no Rio de Janeiro (RJ) teve tons de tragédia para algumas famílias, vítimas da violência do Estado. Uma delas foi a família do funcionário aposentado do Banco do Brasil, José Onildo Menezes, psiquiatra e militante da área de saúde, que presta atendimento voluntário na sede da CSP-Conlutas-RJ. Seu neto, João Pedro, de 23 anos, estudante de cinema, foi assassinado pela Polícia Militar na madrugada da última segunda-feira.

Na madrugada da última segunda-feira, 30, quatro amigos passavam de carro pela Linha Amarela, dentre eles João Pedro, neto de José Onildo, e teriam furado uma blitz da PM. Os policiais perseguiram o carro, alvejando-o com cerca de 50 tiros, até pará-lo. João Pedro morreu com um tiro de fuzil nas costas. A versão dos policiais é de que os rapazes teriam atirado contra o carro da PM, buscando justificar sua ação e a morte de João Pedro. No entanto, nenhuma arma foi encontrada no carro dos rapazes. A história contada pelos policiais é absurda e segue uma prática comum da PM, de inventar fatos e forjar provas para justificar suas ações violentas.

No primeiro dia do ano, João Pedro foi enterrado em meio a grande comoção dos familiares e amigos. Ele foi mais uma vítima da política de segurança do governador Sérgio Cabral, que legitima a ação violenta da PM. Infelizmente, a prática de atirar primeiro e perguntar depois, de forjar provas para criminalizar inocentes, é comum dentro da PM. Vimos isso acontecer nas manifestações populares e vemos acontecer todos os dias na nossa cidade, vitimando, sobretudo, jovens, negros e pobres.

O caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo é emblemático e nos mostrou que somente com pressão popular podemos deixar acuados a PM e o governo, questionando a sua política de segurança. Os cartazes e os gritos de “Cadê o Amarildo?”, que tomaram as ruas do país, foram fundamentais para levar adiante a investigação do desaparecimento do ajudante de pedreiro e a responsabilização dos policiais envolvidos. Sem isso, seria apenas mais um negro pobre assassinado pela polícia e prevaleceria a versão mentirosa de que Amarildo tinha relação com o tráfico. O caso de Amarildo expôs, também, a política de pacificação das comunidades e a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). As comunidades que receberam as UPPs sofrem a opressão dessa polícia corrupta e assassina.

Desconectado da realidade, dos casos de violência que ocuparam os jornais nos últimos dias do ano e do papel que a PM cumpre, o governador Sérgio Cabral postou no seu Twitter: “encerrar o sétimo ano de governo com milhões de pessoas nas comunidades vivendo em paz é muita felicidade para quem se dedica à vida pública”, e ainda disse que “temos uma Polícia Militar e Civil na sua imensa maioria motivada e dedicada à tarefa da paz no Rio”.

A política de segurança de Sérgio Cabral, centrada nas UPPs, não gera paz ou transforma a vida da população das comunidades onde são instaladas, apenas substitui a opressão do tráfico pela opressão da polícia. A Polícia Militar está dedicada sim à tarefa de matar, vitimando sobretudo a população negra e pobre do nosso Estado e, muitas vezes, jovens de classe média como João Pedro.

São muitos os Amarildos e Joãos na nossa cidade. Para que suas histórias não se repitam, é preciso, neste ano novo, reeditar as manifestações de rua que aconteceram em 2013, ainda maiores e com maior participação popular. É preciso gritar mais alto uma das reivindicações que marcaram aquelas manifestações: queremos o fim da Polícia Militar, pois essa polícia e suas práticas não nos representam.

Solidarizamo-nos com o companheiro José Onildo e toda a família de João Pedro, assassinado brutalmente pela PM no último dia 30. Compartilhamos o sentimento de revolta e nos somamos à tarefa de fazer com que a verdade apareça e os policiais envolvidos sejam punidos

Leia a nota da CSP-Conlutas

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