A campanha das eleições municipais começa dia 16 de agosto. Embora seja para eleger vereadores e prefeitos, essas eleições serão cruzadas pelo tema nacional. Isso porque estamos em meio a uma das maiores recessões da história e uma crise política de iguais proporções.

De 2014 até o fim deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país em determinado período), terá recuado quase 9%. É uma crise profunda que não tem data para terminar. E, claro, os trabalhadores e os mais pobres são quem paga a conta com o desemprego, a inflação, a falta de moradia e o caos nos serviços públicos.

O que não estava no script
Parte dessa situação toda é a crise do governo do PT e a queda de Dilma, provocadas pela ruptura da maior parte da classe operária e da população. O problema é que o governo Temer, uma grande improvisação da burguesia, que apostou todas as fichas em Dilma até o fim, é um governo fraco e questionado.

Ao mesmo tempo, a burguesia e o imperialismo estão com a conta na mão, cobrando de Temer medidas mais duras para a crise. O governo, junto ao Congresso, não medirá esforços para atender a esses pedidos. Eles querem nos atacar, mas têm um problemão nas mãos: um governo fraco e um Congresso Nacional, assim como todo o sistema político, amplamente repudiado.
 

Fora Temer! Fora todos eles!
A principal tarefa nessas eleições

A campanha do PSTU estará a serviço das lutas dos trabalhadores e dos setores oprimidos. Vai defender o “Fora Temer” e “Fora todos eles”, pois não basta mudar de prefeito e deixar Temer e esse Congresso Nacional desempregando, tirando direitos, e os governadores e prefeitos privatizando a saúde e a educação.

Os candidatos do PSTU vão defender uma saída operária e socialista para a crise, para que sejam os ricos que paguem por ela. Para garantir emprego, salário, saúde, educação pública, transporte público e de qualidade e moradia, é preciso enfrentar os donos dos bancos, das fábricas e das construtoras, que são também os donos das cidades.

É preciso enfrentar os ricos e poderosos, não pagar a dívida aos banqueiros, estatizar sem indenização o transporte coletivo garantindo tarifa zero, estatizando também toda a rede de hospitais, clínicas e escolas privadas, garantindo saúde e educação pública para todos e garantindo, ainda, um plano de obras públicas que gere empregos.

Para fazer isso, é preciso colocar as cidades nas mãos dos trabalhadores e do povo pobre, das mulheres trabalhadoras, dos negros e LGBTs.

Não repetir os erros do PT
Essas eleições ocorrem logo após a queda de Dilma. Isso aconteceu porque os trabalhadores romperam com o PT não por uma suposta onda da direita contra um governo progressista. Dilma caiu pelos próprios erros do PT, que se aliou aos banqueiros e empresários e traiu a classe.

A esquerda não pode repetir os erros do PT, como infelizmente vem fazendo o PSOL. As alianças com partidos burgueses e o financiamento de empresas, na lógica do vale-tudo para eleger, levou o PT aonde está agora.

O PSOL, quando apresenta um programa que não contraria os ricos, repetindo o “governar para todos” que norteou o PT, prepara novas desilusões. Ou quando se se alia ao PPL, como Luciana Genro em Porto Alegre, ou ao PDT e ao PV, como nas eleições em Belém, ou à Rede no Rio, ou quando Marcelo Freixo recebe dinheiro de empresas, como a empresa responsável pela demolição da Vila Autódromo, em 2012, aponta para o mesmo caminho do PT.

 

Os trabalhadores devem governar!
As cidades para os trabalhadores

Que esses políticos que estão aí não servem, é algo cada vez mais compreendido pelas pessoas. Mas o que colocar no lugar? Para o PSTU, a mudança não virá das eleições. Primeiro, porque as eleições são um jogo de cartas marcadas montado para atender aos interesses dos patrões. Ganha aquele que tiver mais dinheiro e mais tempo de televisão, garantido por essa legislação antidemocrática. Segundo, porque o próprio parlamento é uma instituição que funciona para manter tudo como está.

Mesmo assim, é importante que os revolucionários participem das eleições para apresentar um programa socialista e serem um ponto de apoio às lutas. Assim como eleger parlamentares, colocando um porta-voz dos trabalhadores em pleno parlamento burguês. Um parlamentar que possa denunciar essa farsa de democracia lá dentro, divulgar e apoiar as lutas da classe. Mas a atuação parlamentar, por si só, não vai garantir as mudanças que queremos.

Hoje, na prática, os donos das fábricas, dos bancos, das empreiteiras e grandes empresas é que governam as cidades. É preciso dar o poder aos trabalhadores e ao povo pobre, constituindo e reconhecendo como instâncias de deliberação política conselhos populares eleitos nas comunidades, nos bairros, locais de trabalho e estudo, com regras definidas pela própria comunidade.

O PSTU defende que os conselhos populares tenham mais poder do que a Câmara de Vereadores, que seus conselheiros sejam eleitos em assembleias populares nos bairros e possam ser revogados a qualquer momento, em qualquer assembleia mensal. Devem existir debates públicos, encontros e congressos com delegados eleitos nos bairros e regiões de toda cidade que, com as propostas previamente debatidas, definam o que fazer. Esses delegados serão obrigados a prestar contas regularmente nas assembleias. Os conselhos populares devem controlar e poder decidir sobre 100% do orçamento do município e sobre todo funcionamento da cidade.

Mas não são medidas muito profundas para serem discutidas numa eleição municipal? Uma gestão socialista poderia transformar as cidades em pontos de apoio importante na luta para mudar o país e o mundo para derrubar esse sistema e a favor de um governo dos trabalhadores. Cada voto no 16 nessas eleições fortalece essa ideia.

 

Por que os revolucionários participam das eleições?


Os bolcheviques participaram da Duma, que surgiu mediante pressões da revolução de 1905, uma espécie de parlamento russo que convivia com o czarismo

Para Lenin, era uma obrigação dos revolucionários utilizar todos os parcos espaços da democracia burguesa. Isso inclui as eleições. Mas, ao contrário do que fazem os reformistas, a atuação dos revolucionários não deveria ser para jogar mais ilusões nessa falsa democracia. Pelo contrário. Deveriam denunciá-la implacavelmente e, uma vez eleitos, constituir um ponto de apoio às lutas, submetendo sua atuação a elas.

O que o PT fez e, agora, o PSOL repete? Alianças com partidos da burguesia, financiamento de empresários e, no caso do PSOL, um programa que se restringe aos limites dessa democracia burguesa. Ou seja, jogam ainda mais ilusões nesse sistema, reforçam a ideia de que é possível conciliar os interesses dos trabalhadores e dos patrões.

O PSTU participa das eleições dizendo que é impossível conciliar os interesses dos patrões com os dos trabalhadores. Ou se governa para um, ou para outro. Para atender aos nossos interesses, temos de derrotar os patrões, seus governos e seus políticos.

Vem com a gente!
PSTU, um partido diferente

O PSTU é o único partido que não recebeu dinheiro da Odebrecht e não está envolvido em escândalos de corrupção. Isso porque atuamos com base em sólidos princípios. Para nós, a independência de classe é inegociável. Não recebemos dinheiro de empresários e nem fazemos alianças com partidos dos patrões.

Participamos das eleições apresentando um programa socialista e revolucionário. Nossos candidatos são operários, trabalhadores, negros e negras, estudantes, LGBTs, reconhecidos lutadores, e têm o compromisso de, se eleitos, não viverem com os altos salários e privilégios do parlamento.

Ajude-nos nesta campanha! Procure o PSTU em sua cidade.

Originalmente publicado no Opinião Socialista nº 522