Fotos: Eduardo Carvalho

Quase dez mil pessoas tomaram a Avenida Rio Branco fazendo a polícia recuar

A partir das 17h, milhares de estudantes e jovens trabalhadores começaram a se concentrar na Candelária, local definido para o início da segunda passeata contra o aumento das passagens no Rio de Janeiro. A tarifa na capital carioca passou de R$ 2,75 para R$ 2,95 no início do mês.

Era visível a alegria dos lutadores que, a cada minuto, percebiam que aumentava a presença de mais trabalhadores e jovens estudantes na concentração. Era a certeza de que seria um final de tarde inesquecível.

Quando a marcha deixou a concentração, a primeira vitória: eram quase dez mil manifestantes. Milhares de pessoas fecharam todas as pistas da Avenida Rio Branco, obrigando a Polícia Militar e a Guarda Municipal a recuarem da tentativa de impedir a ocupação da principal avenida da cidade. Uma grande demonstração da força da mobilização.

A cidade parou! As bandeiras vermelhas, os cartazes contra o aumento e as faixas triunfaram. A cada quadra, a população demonstrava simpatia pelo movimento, impingindo ao governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes (ambos do PMDB), sua primeira derrota.

Do alto dos prédios vinham demonstrações de apoio na forma de papéis picados, o que aumentava mais ainda a satisfação e a certeza de que estávamos corretos. Em cada ponto de ônibus, a população interagia com a passeata, aderindo ou manifestando solidariedade. Os sindicatos (Petroleiros, Comerciários de Nova Iguaçu, Sepe, Sindsprev e Sindiscope, entre outros) e centrais, como a CSP-Conlutas, estavam presentes. Além de oposições sindicais e movimentos populares, a Anel e diversas entidades estudantis de luta também compareceram.

O PSTU participou desde a preparação do ato e, com uma expressiva coluna de militantes e simpatizantes agitou, além das suas tradicionais bandeiras vermelhas, faixas exigindo a libertação dos manifestantes presos em São Paulo e a redução das passagens. Os adesivos do partido denunciando o aumento das passagens e o ditador Cabral, distribuídos aos milhares, rapidamente eram colados no peito pela população.

O ponto alto da manifestação eram as palavras de ordem cantadas ao mesmo tempo por milhares de vozes. Algumas das mais cantadas foram: “acabou o amor/ isso aqui vai virar a Turquia” e “não é a Turquia/ não é a Grécia/ é o Brasil saindo da inércia”. Também foram ouvidas músicas críticas aos gastos com a Copa, ao governador e à presidenta Dilma.

Nesse clima alegre e combativo, a passeata seguiu até a Cinelândia e, diante do impasse se terminaria ali o ato ou se prosseguiria, houve uma votação que decidiu ser melhor continuar até a Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), onde foi feito um ato de encerramento com milhares de presentes.

Para nós, do PSTU, o resultado desta marcha, sem sombra de dúvidas, é que podemos afirmar que ganhamos esta batalha. A população do Rio ficou ao lado dos manifestantes, apesar do deprimente papel da grande imprensa que, durante dias, estimulou a repressão da polícia e tentou jogar os trabalhadores contra a manifestação.

Mostramos aqui no Rio, assim como em São Paulo que, sem dúvida nenhuma, este movimento se fortalece a cada passeata e que mesmo a maior a repressão não nos calará. Mostramos que esta luta não é apenas pela redução da passagem, mas sim contra a alta dos preços e o endividamento das famílias, pela garantia dos nossos direitos e também contra a repressão criminosa dos governantes.

Não temos dúvida que a próxima será maior! E como entoavam as palavras de ordem cantadas na marcha, seguiremos o exemplo da Turquia!