Só pressão popular pode fazer avançar investigaçõesÉ impossível confiar que uma CPI deste Congresso de picaretas leve a cabo as investigações sobre a corrupção nos loteamentos dos cargos das estatais e do caso “mensalão”. O PSTU coloca-se favorável à criação de uma CPI, porém, a imensa maioria dos parlamentares, a começar pelo seu presidente, Severino Cavalcanti, farão de tudo para transformá-la em pizza. Isso acontece porque a distribuição do “mensalão” e o loteamento dos cargos envolve todo o conjunto dos partidos da base aliada governista (PP, PL, PTB e PMDB). Por outro lado, a oposição de direita (PSDB e PFL) irá tentar acobertar a corrupção que infestou o governo FHC.

Uma breve retrospectiva mostra que uma CPI só pode avançar se existir uma forte pressão popular. Foi assim com a CPI de PC Farias, que acabou envolvendo Collor. Já um ano mais tarde, em 1993, uma nova CPI foi criada para investigar o caso dos “anões do orçamento” – grupo de parlamentares envolvidos em fraudulentos esquemas de distribuição orçamentária. Dos 18 parlamentares envolvidos, seis foram cassados e quatro renunciaram. Ninguém foi preso e o dinheiro nunca foi recuperado.

Outra CPI que acabou terminando numa tremenda pizza foi a do Banestado, que investigou as maracutaias do sistema financeiro. Nela, tanto os deputados governistas como os da oposição burguesa, esconderam informações para preservar empresários corruptos que financiam suas campanhas eleitorais. O “caminhão de denúncias”, que José Mentor (PT-SP), relator da CPI, dizia ter, se fosse revelado, atingiria os principais figurões da República.

Uma CPI só pode aprofundar as investigações se houver uma grande pressão popular. Do mesmo modo, é preciso organizar uma investigação independente desse Congresso de picaretas. Uma investigação que se apóie nos trabalhadores das estatais como os Correios, além de advogados, juristas e jornalistas.
Post author
Publication Date