O natal de 2007 ficará marcado na memória de grande parte dos moradores de Fortaleza. Não pela beleza da iluminação natalina utilizada como chamariz para o comércio “selvagem” aonde lojistas fazem de tudo para abocanhar o máximo possível do 13º de boa parte dos trabalhadores, e sim pela onda de violência que correu a capital cearense.

O centro da cidade, que já foi o centro comercial de Fortaleza, há muito que foi deixado de lado pelas classes mais abastadas, que optaram por gastar “seu rico dinheirinho” nos Shopping Centers espalhados em sua maioria pelos bairros nobres. E como era de se esperar dos governos dos ricos, os investimentos em segurança e infraestrutura obviamente foram deslocados preferencialmente para onde os ricos estão. Os acontecimentos deste final de ano na capital cearense se constituem na mais emblemática das comprovações do que estamos dizendo.

Na manhã do sábado dia 22, um incêndio de grandes proporções no centro da cidade consumiu três lojas durante horas ao ponto de levar ao desabamento duas delas. Até aí pode se imaginar que não há como falar em descaso dos governos, afinal fatalidades acontecem. O problema é que a imensa maioria dos 18 hidrantes localizados no centro, estavam quebrados, o que não permitiu o combate ao incêndio.

Na tarde do mesmo dia uma nova cena assustadora tomou conta do centro de Fortaleza. Um arrastão correu as prinicipais ruas do bairro, assaltando tudo o que via pela frente, fechando lojas, e causando um verdadeiro clima de terror entre os presentes, que em sua imensa maioria são os trabalhadores cearenses, que ainda tem o Centro como ponto preferencial para compras de todos os tipos. O clima de pânico foi tamanho que uma senhora de 52 anos enfartou e faleceu no interior de uma das lojas.

Preocupados com qualquer repercussão negativa que afastasse os trabalhadores do centro no domingo e na segunda-feira que antecedem o natal, os próprios lojistas trataram de noticiar que não houve arrastão coisa alguma e sim um assalto em uma única loja, que tudo não passou de boato, de mal-entendido. Os meios de comunicação de uma forma geral calaram sobre o assunto e o próprio governador do Estado, Cid Gomes, do PSB, que é apoiado diretamente pelo PT e PCdoB, repetiu a mesma cantilena dos empresários do comércio.

Não bastassem as mentiras para melhor permitir saquear as economias da classe trabalhadora, o governo nada fez para diminuir a violência diária na cidade e garantir a segurança do local. Para completar a tragédia, um novo arrastão varreu o centro da cidade na segunda, dia 24 de dezembro, sem encontrar obstáculos e gerando ainda mais pânico.

Denunciamos o governador Cid Gomes, pelo clima de insegurança e de terror a que ficaram submetidos os trabalhadores de Fortaleza. Acusamos ao governador como responsável pela morte da trabalhadora Lucileide Ferreira Maciel. Também não poupamos a prefeita Luizianne Lins, do PT, que durante toda sua campanha eleitoral falou da necessidade de colocar os aparelhos da administração municipal a serviço de passar a sensação de segurança aos trabalhadores e, passados três anos, nada fez para cumprir o prometido. Por fim, afirmamos com todas as letras que a violência não se resolve com mais policiamento e só tenderá a aumentar no Ceará e em todo Brasil, enquanto a política econômica de Lula que privilegia banqueiros e empresários e pune trabalhadores não for derrotada.

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