George Bezerra, de Fortaleza (CE)

Mesmo com o crescimento do setor, um pedreiro recebe R$ 620

No dia 17 de janeiro, uma assembléia reunindo cerca de 700 operários aprovou uma pauta para a campanha salarial 2008. Aumento salarial de 20% em cima de todos os pisos e redução da jornada de trabalho são os principais eixos de mobilização.

Desde 2006, a construção civil vem ocupando um papel de destaque na economia regional. Nunca se construiu e se vendeu tanto. Resultado disso: só em 2007 os patrões aumentaram seus lucros em 10%.

Já os salários vêm caindo. Em 1998, um pedreiro ganhava pouco mais de dois salários mínimos e meio, e um servente, um salário e meio. Hoje, o piso do pedreiro é de R$ 620, um pouco acima de um salário mínimo e meio e o servente ganha só R$ 392. Isso é grave, principalmente quando a inflação cresce e os alimentos ficam cada vez mais caros. Segundo o Dieese, o feijão aumentou seu preço em 274% em Fortaleza, desde fevereiro de 2007. “Deixei de comprar feijão”, confessou um servente numa obra.

Outra situação preocupante é a da jornada de trabalho. Embora no setor só se possa trabalhar oito sábados por ano em regime de hora-extra, existem construtoras que forçam os operários a trabalhar vários sábados por ano e até em domingos e feriados. É o caso de uma obra que o sindicato visitou recentemente. Lá todo mundo trabalhou durante o carnaval e está trabalhando todos os dias, das 7h30 da manhã até às 21h30. Não é raro a jornada de trabalho ultrapassar oito horas.

É hora de lutar!
Prepara-se uma grande mobilização pela redução da jornada e por pisos distantes do miserável salário mínimo proposto por Lula para 2008 (R$ 413). O sindicato de Fortaleza, que faz parte da Conlutas, vê também a relação da campanha com a luta nacional. Para os operários da construção civil, a campanha salarial também é um importante ponto de apoio para avançar na campanha contras as reformas de Lula, que atacam direitos históricos.
Post author George Bezerra e Gonzaga, de Fortaleza (CE)
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