Nota da Amanda Gurgel sobre Deputado do RN que usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para interesses pessoais

O jornal Folha de São Paulo revelou, nesta quarta-feira, dia 3, que o presidente da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para levar noiva e parentes ao Maracanã. Ao todo, sete pessoas pegaram uma “carona” de Natal até o Rio de Janeiro, para curtir a final da Copa das Confederações no fim de semana.

O deputado tentou se justificar, disse que cometeu um erro, pediu desculpas e anunciou o reembolso das passagens, no valor de R$ 9.700, aos cofres públicos. Henrique Eduardo Alves ainda chegou a dizer que estava cumprindo agenda oficial. Iria se reunir com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, para discutir o cenário político do país. Difícil de acreditar.

Se o repórter Leandro Colon não tivesse noticiado o fato, estaria tudo “certo”, pelo menos para o deputado. Ninguém ficaria sabendo e nós não teríamos visto esse falso arrependimento do presidente da Câmara. Pegar uma carona pode parecer pouco, mas não é. É o mínimo que políticos iguais a Henrique Eduardo Alves fazem com o dinheiro público. Pegam carona.

O deputado potiguar não é nenhum novato. Já são 11 mandatos, em 42 anos de “vida pública”, aproveitando as benesses que essa democracia dos ricos oferece aos políticos. Só para lembrar: Alves é acusado de enriquecimento ilícito e de desviar emendas do Orçamento para uma empresa de um funcionário de seu gabinete. Portanto, não é só por causa de uma carona.

Entretanto, o ato do presidente da Câmara não diz respeito só a ele, já que gozar de privilégios e regalias é comum entre os velhos partidos e políticos tradicionais. Infelizmente, até mesmo entre o PT e o PCdoB, que entraram no jogo. Basta lembrar o escândalo dos cartões corporativos.

Mais que isso. É lamentável ver que foi o esforço do governo Dilma que levou à presidência da Câmara um representante de uma das mais velhas e corruptas oligarquias do Rio Grande do Norte, como é a família Alves. Oligarquia responsável pelo RN ser o terceiro estado mais desigual do país.

O caso da carona mostra que o deputado Henrique Eduardo não entendeu o recado que o povo está dando nas ruas. Assim como o Congresso e os governos, o parlamentar potiguar também fecha os olhos e os ouvidos para a população. As pessoas estão cansadas da velha política, do jogo sujo da burguesia, que só serve para piorar a vida dos trabalhadores. Quando grita nas ruas por saúde, educação, transporte e contra a corrupção, o povo está dizendo “chega, não aguentamos mais!”.

Os privilégios e regalias que os políticos desfrutam são uma das fontes da corrupção. Por isso, o PSTU defende mandatos revogáveis, redução dos salários dos parlamentares ao nível do salário médio de um operário e o fim do Senado, que só serve para concentrar mais corruptos e atrapalhar qualquer projeto em benefício dos trabalhadores.

Além disso, a medida mais urgente contra a corrupção é a prisão e o confisco dos bens de corruptos e dos corruptores. É necessário abrir os sigilos bancário e fiscal dos parlamentares, governantes e empresários que financiam suas campanhas eleitorais. O combate à corrupção é também uma luta contra a lógica do sistema capitalista.

Nós, trabalhadores e trabalhadoras, não temos nada a ver com as oligarquias, com a direita, nem com governos corrompidos e partidos traidores. Henrique Eduardo Alves representa a cara de um Congresso corrupto. E o povo não merece este Congresso.