No dia 4 de agosto, mais de 10 mil trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo do Campo discutiram em assembléia a decisão da empresa de transferir 1.923 trabalhadores da unidade para um tal Instituto Gente.

Na verdade, isso é demissão. Um ataque que, aliás, a Volks pretende ampliar, até 1º de setembro, para mais 2.010 trabalhadores de Taubaté, rompendo acordo com o sindicato, que previa estabilidade até 2006, no ABC, e até 2004, em Taubaté.
No ABC, seguindo a deliberação da assembléia, os trabalhadores atrasaram a entrada por três horas no dia 5 de agosto, devolveram as cartas enviadas pela empresa e estão realizando paralisações diárias por turnos e áreas. Já em Taubaté foi aprovado um indicativo de greve para o dia 11.

É preciso, entretanto, organizar a luta mais geral contra as demissões na Volks, demais montadoras e metalúrgicas. Pois, a mobilização por área – sendo muito importante – é insuficiente para derrotar as montadoras. Mais uma vez, ela conseguiu isenção fiscal do governo, com redução de IPI, mas segue com seus planos de demissão.

Não é a primeira vez que a Volks faz isso e o sindicato acaba entrando em acordos que retiram direitos dos trabalhadores em nome do emprego, que a empresa jamais garante.

No recente Congresso dos Metalúrgicos do ABC, a oposição à diretoria do sindicato, que na Volks elegeu 45% dos delegados, apontou que a política da Articulação de “parceria” e flexibilização só garantiu mais lucro à empresa e jamais barrou demissões e “reestruturações”. A diretoria do sindicato aceitou terceirizar 2.107 postos de trabalho e a empresa quer mais 1.923 demissões.

É preciso generalizar a luta na Volks e também colocar todos os metalúrgicos em campanha pela redução da jornada sem redução dos salários. A diretoria defende mobilizações parciais porque a fábrica está com o pátio cheio. Porém, está em jogo uma questão política e só uma mobilização geral pode obrigar a Volks a recuar.
Ainda mais, se levarmos em conta que o ministro Pallocci esteve no congresso, sabia das intenções da Volks de demitir 4 mil e não falou nada.

Os metalúrgicos da Volks, do ABC, do estado e de todo o Brasil, têm que construir uma mobilização geral, organizando também os desempregados, como estão fazendo servidores públicos, sem-terra e sem-teto.

Post author Emannuel Oliveira,
de São Bernardo do Campo (SP)
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