Unidade da Ford em Camaçari, na Bahia
Luiz Carlos Prates (Mancha), de São José dos Campos (SP)

A empresa norte-americana anunciou nesta segunda-feira, 11, que encerrará suas atividades no país. A multinacional afirma que tal medida acarretará a demissão de até 5000 trabalhadores diretos aqui e na Argentina. Porém, contando com os trabalhadores indiretos, mais de 15 mil trabalhadores perderão seus empregos.

No Brasil, o local mais afetado será Camaçari, na Bahia, onde se produzem os últimos modelos da empresa: EcoSport, Ka e Ka Sedan. A produção de caminhões na região do ABC já havia sido encerrada em 2019. A multinacional também conta com uma fábrica em Taubaté (SP).

Para se instalar em Camaçari, a empresa recebeu todos os tipos de isenção fiscal, terrenos, etc., dos governos. Agora, decide de forma unilateral ir embora e jogar milhares de pais e mães de família na rua. No total, a Ford recebeu, desde 1999, o equivalente a R$ 20 bilhões em incentivos fiscais, segundo a própria Receita Federal.

Pandemia acelera reestruturação da indústria automobilística

Esta medida da Ford faz parte de um plano de reestruturação da companhia que procura reduzir seus custos de produção, a fim de manter e ampliar sua taxa de lucro. Faz isso demitindo, fechando fábricas e jogando nas costas dos trabalhadores o peso desta reestruturação.

A GM iniciou anos atrás esta ofensiva e vem sendo seguida por todas as grandes montadoras globais. A Mercedes também anunciou o fechamento da sua unidade no interior de São Paulo, e a Volks anunciou recentemente o corte de 35% de seu efetivo através de um Programa de Demissão Voluntário (PDV), que de voluntário não tem nada.

É preciso resistir!

O fechamento da Ford, com a consequente milhares de demissões, é um ataque ao conjunto dos trabalhadores e ao país, e precisa ser enfrentada por todos. As diversas concessões feitas pelos sindicatos sob o pretexto da manutenção dos empregos não deram em nada .

É preciso uma luta unificada nacional e internacional, contra o fechamento da fábrica. As centrais sindicais devem estar à frente desta resistência. A empresa tem que recuar destas medidas. Os governos devem retirar e cobrar a devolução de todos os incentivos fiscais que foram feitos à montadora durante todos estes anos. E impedir o envio de lucros para o exterior destas empresas multinacionais.

Devemos cercar de solidariedade a luta dos trabalhadores da Ford contra o fechamento e as demissões! Nenhuma demissão! Estabilidade no emprego e garantia dos direitos! Nacionalização e estatização da Ford e de todas as as empresas que demitem!

Por uma jornada nacional contra o desemprego e as demissões! Vacinação já ! Manutenção do auxílio-emergencial! Fora Bolsonaro e Mourão!

Luiz Carlos Prates, o Mancha, é metalúrgico do PSTU