Fotos Sindipetro AL/SE
Leonardo Maia, de Aracaju (SE)

Na noite de segunda-feira, 19, o governador Jackson Barreto (MDB) comunicou o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras em Sergipe (Fafen-SE). O mesmo está acontecendo com a Fafen na Bahia. O anúncio provocou muita apreensão e revolta nos trabalhadores e na população de conjunto.

A Fafen, é uma empresa da Petrobras que fabrica a matéria-prima para o processamento de fertilizantes. Não é de agora que a gestão da Petrobras demite trabalhadores e sucateia a planta industrial para justificar sua privatização. Os governos do PSDB, MDB e também do PT roubaram a Petrobras, e agora querem que os trabalhadores paguem a conta. É necessário barrar todo o processo de desmonte e privatização que a direção da Petrobras está realizando na Fafen.

Sergipe é um estado campeão do desemprego e violência, o fechamento da Fafen representa uma tragédia que aumentará ainda mais o desemprego. Hoje a fábrica opera com um efetivo abaixo do mínimo, com cerca de 250 trabalhadores próprios da Petrobras e 470 terceirizados. Também estão ameaçados milhares de empregos indiretos, através de fornecedores, prestadores de serviços, empresas que dão suporte à operação e, principalmente, às diversas fábricas de fertilizantes que estão instaladas devido à proximidade de acesso à matéria-prima produzida pela Fafen.

A farsa do prejuízo
Há décadas a Fafen está na mira da privatização, nos governos Itamar Franco (PMDB) e FHC (PSDB), ambos foram derrotados pelos trabalhadores. De 2012 para cá já vêm preparando o terreno para isso, com cortes nos investimentos, demissões e o sucateamento da planta industrial, na gestão de Graça Foster, indicada pelo governo Dilma (PT). O Sindipetro AL/SE já denunciava e alertava para esse risco. Inclusive, o governador Jackson Barreto foi notificado durante a greve nacional de petroleiros em 2015, porém nunca tomou providências nem se manifestou sobre o assunto.

A gestão de Pedro Parente, do governo Temer (MDB), tem utilizado como principal argumento para justificar o fechamento da fábrica o discurso do prejuízo. Em contraposição a esse discurso, o Sindipetro AL/SE, junto com os trabalhadores, têm exigido a abertura das contas.

Um estudo superficial já aponta que boa parte desse prejuízo, caso ele realmente exista, tem dois fatores determinantes. Um é o corte de investimentos feito pela gestão da Petrobras. A planta de Sultafato de Amônio, por exemplo, construída em 2014, já estava parada pela falta de investimentos.

A outra justificativa está no aumento do preço do gás, principal matéria-prima para a produção de amônia e ureia.  Boa parte desse gás é descartado pela Petrobras devido ao excedente de produção. Ou seja, poderia ser fornecido à Fafen a custo zero. Porém, entre 2014 e 2017, o gás fornecido pela Petrobras a sua própria fábrica, sofreu um aumento de 120%.

Ou seja, tanto a queda da produção como o aumento das despesas são parte de uma política consciente do governo e da gestão da Petrobras, para justificar o fechamento da fábrica, em cima de um prejuízo forjado.

Por que o governo quer fechar a Fafen?
O Brasil é o maior consumidor de fertilizantes agrícola, o cálculo é que são gastos um bilhão de litros na agricultura brasileira. Mas 80% dos fertilizantes depende de empresas estrangeiras. As grandes multinacionais do agronegócio como a Monsanto, Cargil que controla a produção de sementes e fertilizantes, são as mais interessadas no sucateamento e privatização da FAFEN.

E são estes também os principais financiadores dos políticos corruptos que estão no poder.  Portanto, o fechamento das fábricas de fertilizantes da Petrobras, caso sejam concluídas, é mais um crime contra os trabalhadores e aumento da submissão do país aos interesses das multinacionais.

Plano de luta
Para Gilvani Alves, diretora do Sindipetro AL/SE e militante do PSTU Sergipe, a primeira tarefa do sindicato é fazer um chamado á rebelião,  desenvolver a organização de base e construir a mais ampla unidade.  “Fomos a porta da fábrica nesta quarta-feira, 21, dizer que a aflição de agora deve ser transformada em revolta e em ação. A resposta da categoria foi positiva. Fizemos uma assembleia e aprovamos um plano de ação e luta”.

Contra o fechamento da fábrica e pela retomada dos investimentos, os trabalhadores da Fafen decidiram em assembléia por unanimidade que nenhum trabalhador vai abandonar a fábrica. Não vão aceitar transferências, nem encerramento de contratos. Elegeram um comando de base da fábrica e também decidiram que em caso de qualquer retaliação e redução de efetivo, fazer greve de ocupação.

No ato realizado nesse mesmo dia, estiveram presentes outras organizações sindicais e políticas e trabalhadores da velha guarda petroleira que, nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2000, lutaram para defender a permanência da Fafen no estado e impedir que ela fosse privatizada.

Nesta sexta-feira, 23, já ocorreu uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), com o objetivo de discutir esse tema. Na segunda-feira, 26, às 18h30, será realizada uma plenária ampla, na sede do Sindipetro AL/SE, para lançar um comitê contra o fechamento da Fafen.

O objetivo desse comitê é mobilizar toda a classe trabalhadora e a população do estado de Sergipe para se mobilizar contra essa tragédia. Também transformar essa campanha em uma luta nacional, construindo a unidade com trabalhadores de outros estados, que estão passando pela mesma situação, a exemplo da Fafen Bahia.

Lutemos por uma Fafen estatal sob o controle dos trabalhadores. Vamos exigir que a Petrobras para o plano de sucateamento e realize os investimentos necessários. Lutemos pela prisão e expropriação dos bens dos corruptos e corruptores porque foram eles que roubaram a empresa e querem jogar a conta nas costas dos trabalhadores.