Só a mobilização pode derrubar SarneyDurante semanas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), se afundou num mar de denúncias que levou a Casa à sua maior crise política. Oportunista e de olho nas eleições em 2010, a oposição de direita liderada pelo PSDB, tendo o DEM como fiel escudeiro, resolveu embarcar na história e começou a atacar Sarney, pedindo sua saída.

A pose de grandes defensores da ética que PSDB e DEM assumiram, no entanto, durou muito pouco. A base aliada do governo resolveu contraatacar e, através de Renan Calheiros (PMDB-AL), protocolou no Conselho de Ética do Senado uma denúncia contra o senador Arthur Virgilio (PSDB-AM). O tucano, entre outras coisas, empregou um funcionário fantasma em seu gabinete por dois anos e teve personal trainer pago pelo Senado.

O objetivo do governo, porém, não era investigar de fato o senador tucano. Era simplesmente ter uma moeda de troca para barganhar com o PSDB o arquivamento de todas as denúncias no Senado. Na avaliação dos senadores, tanto governistas como os da oposição, a imagem da Casa estava sendo corroída e todos os parlamentares sairiam perdendo. O próprio Sarney teria se reunido com Lula para tratar da manobra. Pelo acordo, o governo arquivaria a denúncia contra Virgilio se a oposição não insistisse em tentar reabrir os pedidos de investigação contra Sarney.

Assando a pizza
Dito e feito. No último dia 12, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), engavetou a denúncia contra o tucano. E o governo tem ainda muitas outras cartas na manga. Recentemente, vieram a público 468 novos atos secretos, editados entre 1998 e 1999, quando o presidente do Senado era o falecido Antonio Carlos Magalhães, então cacique do DEM.

No Senado, são todos Sarney. Todos devem alguma coisa e têm rabo preso. Por isso, se depender deles, o peemedebista vai continuar exatamente onde está. Sentado na cadeira de presidente e se lixando para a opinião pública.

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