Estudantes tentam resistir à repressão
Fábio Pozzebom / ABr

Juíza concede reitegração de posse e autoriza Polícia Federal a reprimir os estudantesA juíza federal Cristiane Pederzolli concedeu reintegração de posse da reitoria da UnB à Fundação Universidade de Brasília. O prazo para saída dos alunos era 16h20. Como os alunos resistiam, a polícia foi chamada. A juíza autorizou a Polícia Federal a intervir para garantir o cumprimento da ordem judicial.

Segundo informou uma estudante que se encontra no local, vários estudantes já apanharam em conflito com seguranças e há feridos. A Tropa de Choque dirige-se para o campus neste momento.

A Polícia Federal permaneceu cercando e intimidando os estudantes durante toda a ocupação. A água, a luz e o telefone haviam sido cortados. Os estudantes foram impedidos de entrar e sair (cerca de 300 alunos permaneceram do lado de fora do prédio) e, inclusive, de receber comida pelas janelas.

Cerca de 100 estudantes estavam no interior da reitoria da UnB. Eles ocuparam o gabinete na tarde de quarta-feira para exigir a saída imediata do reitor Timothy Mulholland e do vice Edgar Mamiya. No apartamento de Mulholland, em Brasília, foram encontrados móveis de luxo e uma lixeira que custou R$ 1.000. Além disso, ele utilizava um carro de luxo comprado com dinheiro de uma fundação privada.

Neste momento, os estudantes estão sendo tratados como criminosos. Enquanto isso, o reitor e as fundações privadas saqueiam a universidade pública e permanecem impunes. Onde está o reitor? No seu apartamento de luxo, com todo o conforto? Apreciando o espancamento dos estudantes de dentro do seu carro luxuoso?

É preciso denunciar o que está acontecendo na UnB. Não é um fato isolado. É grave que a Polícia passe a intervir em espaços públicos e, teoricamente, democráticos dos estudantes, principalmente com o que há de pior do aparato repressivo, a Tropa de Choque. Não é o primeiro caso, e o movimento não pode deixar que ações de violência contra o direito de se manifestar se generalizem.

Reivindicações
Na noite da ocupação, aconteceu uma assembléia com cerca de 500 estudantes. Os alunos reafirmaram as reivindicações já existentes – renúncia do reitor e do vice, eleições paritárias para a reitoria, extinção do Conselho Diretor e abertura das contas das fundações privadas que estão sendo investigadas por irregularidades – e votaram outros dois pontos de grande importância: a luta contra o Reuni e contra as fundações privadas.