O artigo abaixo é parte de “O governo de Salvador Allende no Chile (1970/1973) e a interpretação trotskista”, produzido por Jonis Mendes Coan, militante do PSTU, como conclusão do curso de História da UnescAntes mesmo de traçar as características de um governo de Frente Popular sobre a égide da visão trotskista, é preciso conhecer outras interpretações para uma posterior confrontação de idéias, dando ao leitor outras opções de análise.

Vejamos o que Alberto Aggio descreve sobre a primeira experiência chilena com um governo de Frente Popular, o governo de Pedro Aguirre Cerda em 1938:

“O êxito político da Frente Popular no Chile assume, de fato, uma significação histórica universal. O Chile foi, ao lado da França e da Espanha, o único país latino-americano a conhecer a vitória eleitoral e o estabelecimento de um governo baseado na política de Frente Popular adotada pelo Movimento Comunista Internacional (MCI), a partir de agosto de 1935. Esta estratégia foi definida pela Internacional Comunista em função do entendimento de que haveria a necessidade de se impulsionar a unidade de ação entre os comunistas e outras forças políticas com o intuito de se fazer frente, política e ideologicamente, ao fascismo e ao nazismo, então em ascensão na Europa ocidental. Ainda que a América Latina figurasse como absolutamente secundária frente aos propósitos da III Internacional, Brasil e Chile, em virtude de sua posição estratégica, em relação ao Atlântico e ao Pacífico, passaram a ser vistos como países importantes para que se estimulasse a nova linha política adotada pelo MCI.“ [1]

Emir Sader desfruta da mesma posição de Aggio sobre o caráter de governo de Pedro Aguirre Cerda, e dá o mesmo caráter de Frente Popular aquela experiência: “O presidente, Pedro Aguirre Cerda, pertencia a um partido de centro, o Partido Radical, que se havia aliado aos partidos socialista e comunista, nos mesmos moldes dos governos de frente popular existentes na França e na Espanha”. [2]

Na mesma linha de pensamento sobre Frente Popular, porém em processos históricos distintos observamos a interpretação de Eric Hobsbawm onde ele diz que:

“As forças unidas dos trabalhadores (a “Frente Única”) formariam a base de uma ampla aliança eleitoral e política com os democratas e liberais (a “Frente Popular”). Além disso, à medida que continuavam o avanço da Alemanha, os comunistas pensaram numa extensão ainda mais ampla, numa “Frente Nacional” de todos que, independentemente de crenças ideológicas ou políticas, encaravam o fascismo (ou as potencias do Eixo) como o inimigo primeiro. Essa extensão da aliança antifascista ultrapassando o centro até a direita – as “mãos dos comunistas franceses estendidas aos católicos”, ou a disposição dos comunistas britânicos de aceitar o notório anticomunista Winston Churchil – enfrentou maior resistência na esquerda tradicional, até que a lógica da guerra acabou por impô-la. Contudo, a união de centro e esquerda fazia sentido político, e estabeleceram-se “Frentes Populares” na França (pioneira nessa manobra) e na Espanha, que repeliram ofensivas locais da direita e conquistaram impressionantes vitórias eleitorais na Espanha (fevereiro de 1936) e França (maio de 1936).“ [3]

Aggio, Sader e Hobsbawm remontam a interpretação corrente sobre Frente Popular. A política frentista é definida por eles como uma política adotada pelo Movimento Comunista Internacional, mais precisamente pela III Internacional dirigida por Stalin, que passa no início da década de 1930 a adotar uma política de aliança eleitoral entre a esquerda e elementos “ditos” progressivos da burguesia, numa luta direta contra um inimigo comum: o fascismo e o nazismo em ascensão na Europa. Ou seja, “governos de colaboração de classes ou ”Frente Popular”, como foram chamados a partir dos anos 30, quando o stalinismo impôs como teoria e norma que os partidos operários deveriam governar com a burguesia” [4]

Contudo a interpretação trotskista para esse tipo de governo não segue essa mesma linha descrita acima, e conseqüentemente os acontecimentos no Chile, tanto sobre 1938 e principalmente sobre 1970/1973, são analisados sobre outros pressupostos. E para apresentar o conceito e, sobretudo os pensamentos de Leon Trotsky sobre o governo de Frente Popular a partir da análise do governo de Salvador Allende (1970/1973) e da Unidade Popular, será utilizado a produção de Nahuel Moreno, trotskista argentino, fundador da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, falecido em 1987.

Moreno escreveu dois textos sob os títulos “O governo Mitterrand, suas perspectivas e nossa política” e “A traição da OCI (u)”. Esses trabalhos foram escritos nos anos de 1981 e 1982, para analisar a polêmica entorno do posicionamento da organização trotskista OCI (u) (Organização Comunista Internacionalista – Unificada) diante do governo de François Mitterrand eleito em 1980 e um típico governo de Frente Popular. O livro “Os governos de Frente Popular na História” é, portanto a união desses dois importantes textos de Nahuel Moreno. E é talvez, o que se tem hoje de mais notório do ponto de vista da interpretação dos pensamentos de Leon Trotsky.

Moreno analisa diversos governos que passaram pela experiência da Frente Popular e através de uma análise marxista observa linhas gerais nesses governos, porém identifica especificidades em cada um deles.

A primeira observação que Moreno traça é que alguns desses governos surgiram mediante uma vitória eleitoral, fruto de uma situação de lutas das massas ou então numa situação revolucionária. Outros podendo às vezes surgir para prevenir uma situação mais desconfortável para o regime. A função nessa situação é extremamente contra-revolucionária e preventiva, na medida em que a Frente Popular vai atuar para prevenir uma situação diretamente revolucionária.

Allende surgira no Chile em meio a lutas generalizadas das massas, tanto camponesas quanto urbanas. Essas lutas iniciaram com o governo de Eduardo Frei e se encaminhavam para uma situação de descontrole por parte do governo. Emir Sader pode nos dar um panorama mais completo da situação social chilena no fim do mandato de Eduardo Frei, mandato que antecedeu a ascensão de Allende:

“O governo democrata-cristão mexeu na estrutura agrária chilena, mas ficou temeroso de avançar na democratização da propriedade da terra, quando a radicalização social começou a se aprofundar com o início da reforma no campo. O mesmo sucedeu nas cidades, onde as mobilizações pela moradia se viram alentadas pelas promessas governamentais, mas logo perceberam que elas não iriam muito longe, a exemplo do que ocorria no campo.“[5]

O governo de Eduardo Frei foi apoiado pelos EUA, pois fazia parte de uma política norte-americana pensada exclusivamente para a América Latina conhecida como “Aliança para o progresso”. Era uma medida adotada pelos EUA para impedir que novos processos semelhantes à revolução cubana ocorressem no continente. Essa política consistia no incentivo a medidas de cunho sociais como por exemplo, a reforma agrária e dessa forma os governos poderiam impedir os ímpetos revolucionários abertos com Cuba e ao mesmo tempo promover uma reforma agrária nos marcos do capitalismo, sem grandes mudanças.

“À medida que foi perdendo apoio popular e a economia chilena foi se somando às outras do continente no processo recessivo geral da região, Eduardo Frei tentou colocar em prática uma política econômica reconcentradora de renda, para que os grandes capitais dispusessem de mais recursos a fim de passar a uma nova fase de processo de industrialização baseado na substituição de importações, que estava em refluxo. Mas a reação popular terminou de debilitar o governo de Frei, que encerrou seu mandato, em 1970, enfraquecido e sem cumprir suas promessas de reformas no capitalismo chileno.“[6]

Percebemos portanto, que Allende foi um subproduto do descontentamento popular e que sua eleição seguiu como alternativa para aquele processo que fugia ao controle da burguesia. A direita encontrava-se desarticulada e sem prestígio perante a população, que por sua vez apoiou uma coligação que falava em revolução, nacionalizações e reforma agrária.

Numa segunda observação Moreno fala que a Frente Popular é um tipo diferente de governo burguês e caracteriza-o como um governo “anômalo”. A anormalidade caracterizada por Moreno se deve ao fato de se tratar de um governo de conciliação de classes, onde a burguesia governa junto com os partidos da classe operária, podendo esses últimos inclusive, a assumir os principais ministérios e a própria cadeira de presidente. Esse fator é determinante para causar uma tremenda confusão entre as massas que, antes odiavam o governo burguês, agora consideram o governo de Frente Popular seu governo.

Por isso defendem esse governo como se ele fosse um governo da classe operária e abandonam as lutas antes travadas. As direções traidoras da classe operária, desfrutando dos mesmos objetivos da burguesia, que é a desmobilização e a desmoralização da classe operária são os agentes contra-revolucionários que apoiados na confiança depositados neles pelas massas, executam as maiores traições as massas e freiam o ascenso revolucionário.

Salvador Allende foi eleito Presidente da República em setembro de 1970 com 36,3% dos votos na ocasião venceu Jorge Alessandri, do Partido Nacional, e Radomiro Tomic, do Partido Democrata Cristão. A vitória ocorreu mediante a formação de uma Frente Popular que se chamou Unidade Popular. Nessa frente estavam os partidos Socialista e Comunista, tradicionais partidos da classe operária, o Partido Radical que trazia elementos da burguesia nacional, o Partido Social Democrata, além do Movimento de Ação Popular Unitária (MAPU), a Ação Popular Independente (API) e apoiando, mas fora do governo, o Movimento de Esquerda Revolucionário (MIR), a Esquerda Cristã (IC) e outras organizações operárias.

Essa composição qualifica o governo como um típico governo frente populista, e como tal depositou nas massas operárias e camponesas antes sublevadas, uma confiança sem precedentes. Principalmente pelo programa avançado que a Unidade Popular se propunha a executar que incluíam nacionalizações, reforma agrária, empregos, melhores salários e distribuição de renda:

“O governo de Allende deu continuidade à reforma agrária iniciada, mas interrompida pelo governo de Frei. Por meio de sucessivas desapropriações pôs fim ao latifúndio, expropriando todas as propriedades rurais com mais de 80 hectares de irrigação básica. Essas expropriações beneficiaram cerca de 100 mil famílias camponesas e a superfície do setor reformado alcançou 35% do total da terra agrícola. A oligarquia latifundiária foi expropriada, deixando de existir juntamente com o latifúndio no Chile.“ [7]

Além disso, estatizou as minas de salitre, cobre, de carvão, petróleo, a siderurgia, as telecomunicações e a energia elétrica. Não obstante os constantes discursos de Allende reiterando que o que se pretendia fazer no Chile eram as transformações revolucionárias necessárias para se chegar a uma sociedade socialista, só reforçava seu prestígio perante as massas. Nas diversas manifestações de apoio a Allende no centro de Santiago, o que mais se ouviam eram as palavras de ordem: “Allende, Allende o povo te defende!!!” ou então “Viva Salvador Allende! Viva!”.[8]

Com isso Allende conseguiu, pelo menos em seu primeiro ano de governo, um amplo apoio popular que lhe permitia seguir com seu plano de governo. Foi o apoio popular aliado à desarticulação da burguesia que, (mesmo com todo o apoio dos EUA não conseguira impedir a eleição de Allende e agora não conseguia impedir o governo na aplicação do programa da Unidade Popular), permitiram a execução de reformas tão expressivas em seu primeiro ano de governo. Esse contentamento popular permitiu que, nas eleições provinciais de 1971 a UP pudesse ampliar ainda mais seu prestígio quando obteve 50,1% dos votos onde a grande maioria foi para os partidos socialista e comunista.

Mesmo com a aplicação do programa o governo teve que conviver com as constantes invasões de terras ou de propriedades urbanas.

“A mobilização popular não parava de crescer, apesar de tudo. E isso pode ser constatado pelas ocupações ocorridas no transcurso de 1971 e nos primeiros meses de 1972. segundo as estatísticas da Direção Geral dos Carabineiros, durante o ano de 1971 ocorreram, em todo o país, 50 ocupações de terrenos urbanos e 378 ocupações de fábricas, e, nos cinco primeiros meses de 1972, até 31 de maio, foram ocupados 148 terrenos urbanos e 299 fábricas. Apenas em Santiago, de acordo com as mesmas estatísticas, ocorreram entre setembro de 1971 e maio de 1972 as seguintes ocupações: 88 terrenos, com a participação de 4.160 famílias, 5 fábricas, 5 hospitais, 21 ônibus de transporte urbano, 1 Ministério, 4 Câmaras Municipais. Além disso, no mesmo período, houve em Santiago numerosos bloqueios de ruas, manifestações e concentrações públicas.“[9]

Observa-se aqui, que o governo de Salvador Allende, fruto dos descontentamentos das massas e caracterizado por Moreno como uma Frente Popular, portanto “anômalo”, apesar de receber apoio das massas operárias e camponesas e ter nos gabinetes do governo os principais dirigentes operários e dos partidos operários, não conseguiu impedir as ações voluntárias das mesmas, principalmente após outubro de 1972.

Isso se deve principalmente porque o governo não queria ferir a constitucionalidade e seu plano de nacionalizações não abrangia todo o setor produtivo, apenas as áreas estratégicas da produção: a indústria de base. As diversas ocupações descritas acima foram quase que na totalidade desocupadas pelo governo e devolvidas aos antigos proprietários, as fábricas tomadas pelos operários também sofreram o mesmo processo, uma vez tomado pelos operários elas eram desapropriadas pelo governo que seguia seu plano de nacionalizar ou estatizar apenas um setor da indústria chilena.

Nos primeiros dezoito meses de governo de Salvador Allende e da Unidade Popular, o governo dos EUA e a oposição interna dificultaram muito o governo, sobretudo, com a especulação financeira e a deliberada sabotagem econômica, o que acarretava na destruição dos alicerces da economia. O governo havia congelado os preços e aumentado os salários, a burguesia respondia com a especulação e a sabotagem na produção, promovendo o desabastecimento de produtos e a formação do mercado negro, com isso a falta de produtos no mercado e conseqüentemente seu aparecimento no mercado negro, elevava os preços. Obviamente que a burguesia era quem mais lucrava com essa situação, e os operários reclamavam a paralisia do governo ao não tomar essas empresas que sabotavam a produção. Nesse momento já se ouviam nas manifestações populares em todo o Chile as primeiras palavras de ordem germinando a criação de um poder popular, poder que mais tarde extrapolaria o próprio Estado: “Criar, criar, poder popular!”, “Criar, criar, poder popular!”. Porém, essas palavras ainda eram sufocadas por: “Allende, Allende o povo de defende!!!” ou então “Viva Salvador Allende! Viva!”.

O apoio consensual das massas a Allende começou a ser seriamente quebrado após outubro de 1972. No final de 1972 a oposição lança todas as fichas na destruição do governo antes das próximas eleições parlamentares em março de 1973, isso porque nas últimas eleições provinciais em meados de 1971 a Unidade Popular tinha aumentado seu prestígio. E o que a direita queria era a desestruturação do governo para derrubá-lo antes de março de 1973, impedindo um possível fortalecimento do governo.

Em 11 de outubro de 1972, se inicia a primeira greve dos transportadores organizada pela patronal e pelo Partido Nacional, no dia 14 de outubro o Partido Democrata Cristão também aderiu a greve. O objetivo era paralisar o Chile, causar uma desordem generalizada e conseguir via parlamento a destituição de Allende. A greve simplesmente parou 70% dos ônibus particulares de Santiago, caminhões não rodaram e a produção e o abastecimento à população estavam seriamente ameaçados. Os grandes industriais, reunidos na Sociedade de Fomento Fabril, também param por tempo indeterminado, aliado aos profissionais de saúde, a grande maioria dos engenheiros, advogados, profissionais liberais e pequenos comerciantes que não abriram as portas. Mais tarde saber-se-ia que toda essa operação seria financiada pelo governo norte-americano, a burguesia que promoveu toda uma desarticulação econômica no Chile, causando prejuízos a milhares de pessoas sairia ilesa no que diz respeito a prejuízos econômicos.

Porém o prejuízo adquirido pela burguesia foi o fortalecimento da classe operária enquanto organismo vivo e paralelo ao próprio governo. Para suprir a falta de transportes os operários responderam ao chamado do governo, buscando todos os métodos possíveis e cabíveis para chegarem às fábricas. Nas fábricas os operários mais experientes dirigiam as principais decisões mediante o desaparecimento dos gerentes, os poucos engenheiros que não aderiram a greve passaram a trabalhar no atendimento de 4 ou 5 fábricas e indústrias ao mesmo tempo. Os trabalhadores por sua vez, trabalhavam às vezes numa jornada tripla para não deixar a produção parar, mulheres grávidas trabalhavam em apoio ao governo às vezes até levavam as crianças, tudo para não parar a produção e impedir o desabastecimento de comida e bens necessários à sobrevivência. Comitês de trabalhadores começaram a se formar sobretudo, para resguardar as indústrias nacionalizadas ou tomadas pelos trabalhadores contra ataques terroristas contra as mesmas.

“À paralisação dos camioneros*, seguiu-se uma onda de greves, paralisando-se os transportes urbanos, quase todo o comércio e a maior parte dos profissionais liberais. Os industriais iniciaram um lock-out e, principalmente por falta de transportes e de matérias-primas, as fábricas foram em grande parte paralisadas ou trabalharam aos mais baixos níveis das suas capacidades de produção. Comandos fascistas executavam ações de sabotagem e terrorismo, tornando mais efetiva a paralisação. Estradas de ferro, pontes, viadutos e redes de transmissão de eletricidade foram destruídos. Nas principais rodovias e nas ruas das cidades eram espalhados diariamente milhares de “miguelitos”**, que dificultavam a circulação de veículos. Além disso, bloquearam-se vias públicas com barrigadas e pneus queimados. Os veículos que, ainda assim, circulavam, eram apedrejados. Em alguns casos, houve atentados à bala contra motoristas de caminhões que se aventuraram a furar a greve. As poucas casas comerciais que, nos primeiros dias, manifestaram-se abertas, foram alvo de atentados e seus proprietários receberam a intimação de fechar as portas sob ameaça de represálias.“ [10]

A realidade tratou de aumentar o nível de consciência entre os trabalhadores que, percebendo a capacidade criativa e organizativa começaram a germinar de forma voraz o poder popular no Chile. As fábricas trocavam recursos entre si, iniciando o nascimento dos Cordões Industriais. Os Cordões Industriais eram grupos de empresas que coordenavam os trabalhadores da área, esses Cordões Industriais eram totalmente alheios ao governo e se ajudavam mutuamente existindo inclusive a partir daí, uma união entre os Cordões Industriais e os camponeses.

Em 23 de outubro, o movimento patronal dá sinais de cansaço. Nas fábricas, os estoques de reserva estão quase esgotados, dificultando as ações dos operários. Dessa forma Allende cria condições políticas para um entendimento com a DC e conseqüentemente por fim a greve. Allende passa a incluir no governo os comandantes-em-chefe das Forças Armadas como requisito para um entendimento.

Em 10 de novembro de 1972, o gabinete cívico-militar consegue por fim à greve. Fracasso para a direita, pois causam um grande prejuízo ao país e não conseguem chegar ao objetivo, que era derrubar Salvador Allende. Por outro lado cresce impressionantemente o poder popular, a questão do poder está em jogo, agora não mais o poder para a direita mas sim, o poder da classe operária e camponesa que passa a ser o objetivo da grande maioria de explorados.

“Criar, criar, poder popular!”, “Criar, criar, poder popular!”, “Trabalhadores no poder!”, “Trabalhadores no poder!”. Era o que mais se ouviam nas passeatas dos trabalhadores. Depois da greve de outubro quase todas as organizações de base estão diretamente ligadas ao poder popular. Essas atitudes assustam alguns partidos da esquerda com a espontaneidade da população. Em meados de 1973 nas principais cidades, há 31 Cordões Industriais, sendo que 8 só em Santiago entre os principais Cordões podemos destacar o Cordão Macul, Cordão Vicuña-Makena, Cordão O’Higgins e o mais expressivo o Cordão Cerrillos que agrupavam mais de 250 indústrias. Nas paredes das indústrias ou fábricas sob o poder popular havia inscrições do tipo: “esta fábrica é um centro de apoio revolucionário”.

Todos esses organismos eram controlados pelos trabalhadores que por sua vez possuíam independência política ao governo. Os Cordões Industriais juntavam-se aos Comandos Comunais que eram outra forma de poder popular. Neles eram reunidas pessoas do mesmo distrito: estudantes, donas de casa, operários, favelados e camponeses. Um exemplo prático do poder dos Comandos Comunais era as expropriações de terras, organizadas com o auxílio dos Cordões Industriais. Tudo sem o consentimento do governo, aliás o que muito se via eram funcionários do governo se dirigindo as ocupações para tentar convencer os camponeses a se retirarem da propriedade. Constantemente era possível se ver os trabalhadores dando aulas de luta de classes para os funcionários que passavam por verdadeiros julgamentos populares.

Retornando a Moreno e ao trotskismo, podemos analisar esses acontecimentos observando uma citação de Moreno quando ele diz que:

“No Chile, essa combatividade resultou rapidamente em um salto qualitativo, e chegou a um extremo, que se situa a anos-luz de distância do atual grau de combatividade da classe operária francesa. A revolução socialista começou a se desenvolver, até atingir um nível insuportável para o regime capitalista.“[11]

Um nível insuportável tanto à burguesia tradicional quanto para Allende e a burocracia estatal foram ao que parece, o surgimento da dualidade de poderes no Chile. O surgimento de organismos com formas semi-soviéticas ou talvez totalmente soviéticas, como os Cordões Industriais e os Comandos Comunais, que passaram a expropriar o capital e lançar na ordem do dia, o problema do poder no Chile.

Uma terceira observação traçada por Nahuel Moreno sobre o pensamento trotskista diante da Frente Popular, diz que essa política tem um claro conteúdo contra-revolucionário:

“A Frente Popular coloca em prática uma política contra-revolucionária que, quase sempre, possui três facetas: 1) a desmobilização dos trabalhadores; 2) o apoio ao seu próprio imperialismo (nos países metropolitanos) e 3) a defesa do Estado burguês, de sua burocracia e especialmente da sua coluna vertebral: a hierarquia reacionária das forças armadas.“ [12]

O papel contra-revolucionário de Allende e da Unidade Popular para Moreno seria exatamente “a defesa do Estado burguês”, jogando todo o papel transformador para o seu governo e conseqüentemente para a burocracia estatal. Dessa forma o governo combateu desde o início o surgimento de organismo de duplo poder, porém, esses organismos extrapolaram qualquer controle do Estado. A defesa da oficialidade também marcou o governo de Allende, as Forças Armadas passaram a fazer parte do governo depois da greve de outubro e foram como se verá mais à frente, subestimada por Allende quando inclui Augusto Pinochet no governo.

Durante o ano de 1973 a burguesia continua lucrando com o desabastecimento. No entanto, a classe operária reage criando os armazéns de abastecimento. São rapidamente criadas e organizadas pelos moradores que trabalham voluntariamente na distribuição ou na fiscalização dos produtos de consumo básico. Os operários passam a comprar produtos de primeira necessidade diretamente das fábricas e indústrias para se evitar o atravessamento e conseqüentemente os aumentos dos preços, depois esses produtos eram levados para os armazéns onde eram distribuídos para a população de cada localidade.

Nas minas de salitre os mineiros exigem, além da organização entre os trabalhadores, mais transparência na administração das minas que estavam sobre a responsabilidade de burocratas do governo. Na falta de peças para a indústria, motivada pelo boicote norte-americano, os trabalhadores produziam as próprias ferramentas e peças quando necessário, exemplo de peças fabricadas eram interruptores elétricos inventados pelos operários e as bielas para as locomotivas nas minas.

A direita deu sua última cartada antes de se lançar definitivamente na estratégia do golpe de Estado, nas eleições parlamentares de março de 1973. Contudo, a Unidade Popular deu mais uma demonstração de força ao vencer as eleições com 44% dos votos, superior ao recebido na eleição de Allende que era de 36,6% dos sufrágios. A partir daquele momento, todas as ações da direita incluindo a facção fascista Pátria y Liberdad seriam no sentido de derrubar Salvador Allende mediante um golpe de Estado.

“A partir daí todas as organizações ligadas à direita passam a se pronunciar por um golpe militar: a Corte Suprema, a Ordem dos Advogados, a imprensa conservadora, a Pontifícia Universidade Católica e, finalmente, o Congresso. Um acordo aprovado pela maioria da Câmara dos Deputados foi acompanhado por uma declaração conjunta dos presidentes do Senado e da Câmara, tornando ilegal o governo Allende e removendo os últimos obstáculos para a ação das Forças Armadas.“ [13]

Em 29 de junho de 1973 um setor do exército precipita os acontecimentos e às 9:10h da manhã um regime ataca o Palácio La Moneda com tanques e veículos. Eram seis tanques que deixaram um resultado de 22 pessoas mortas durante 2 horas os soldados golpistas trocam tiros com os Carabineros que faziam a guarda dentro e nos arredores do Palácio. O restante das Forças Armadas não apóia o golpe e horas depois os tanques recuam, o general Carlos Prats um oficial antigolpista liderou as tropas aliadas que controlam a situação. Mais tarde o grupo fascista Pátria y Liberdad se refugia na embaixada do Equador e acaba confessando a autoria do levante.

Rapidamente o povo toma as ruas de Santiago em apoio ao governo Allende. Uma multidão de trabalhadores, estudantes e camponeses lotam as ruas de Santiago para gritar em alto e em bom som: “Allende, Allende o povo te defende!!!”. O general Carlos Prats posa de herói depois da atuação, e pede ao presidente para que se aprove com urgência no Congresso, estado de sítio, diante dos últimos acontecimentos. Mais tarde Allende faria um discurso para a multidão:

“Faremos as mudanças revolucionárias em pluralismo, democracia e liberdade. Mas isso não significa, tolerância com antidemocratas, nem tolerância com os subversivos, nem tolerância com os fascistas, camaradas!
Mas vocês devem entender qual é a real posição deste governo. Não vou, porque seria absurdo, fechar o Congresso. Não o farei. Já disse eu repito. Mas caso necessário, enviarei um projeto de lei de plebiscito para que o povo resolva esta questão.“
[14]

Durante o discurso Allende foi rapidamente vaiado quando mencionou que não fecharia o Congresso. Nas manifestações daquele dia o que mais se ouviam eram as palavras de ordem: “Fechar, fechar, Congresso Nacional”, “Lutando, criando, poder popular!”, “Criar, Criar, poder popular!” ou então “Allende, seguro, com a reação seja duro!” além disso ouvia-se entre outras coisas: “Reação de merda, a rua é da esquerda!”, “Juventude comunista do Chile!”. Porém um setor ainda grande dos trabalhadores insistia no “Allende, Allende, o povo te defende!”.

No dia 2 de junho o presidente Allende pede ao Congresso que estabeleça estado de sítio, que é rejeitado por grande maioria. Ao mesmo tempo os oficiais da Armada ordenam uma busca em Valparaiso para procurar armas, o parlamento que possuía uma representatividade da Unidade Popular superior a 40%, aprovou uma lei de controle de armas que autorizava os militares a fazerem buscas de armas sem mandado judicial, na ocasião o próprio Salvador Allende foi favorável à lei votando na sua aplicação.

Essas ações do exército já iniciavam os preparativos para o golpe que viria mais tarde. Durante os primeiros anos de governo da Unidade Popular, diversos atentados terroristas foram efetuados por grupos fascistas e, em nenhum momento essa lei tinha sido executada, assim como o estado de sítio que nos governos anteriores a Allende, pode ser executada duas vezes.

Vejamos o discurso de Miguel Enríquez, o líder do MIR, sobre a situação do Chile naquele momento:

“Vivemos momentos de extraordinária gravidade e de decisões fundamentais. Os desafios sociais e políticos adquirem forma cada vez mais extensa e aguda. A classe patronal, usando todas as armas ao seu alcance e em todos os terrenos, desata o que define como intento de ofensiva final. Termina uma etapa. Termina o ciclo das ilusões reformistas, da via chilena ao socialismo, da revolução sem custo social. As leis de guerra da luta de classes terminaram por se impor e despedaçaram os sonhos reformistas, demonstrando, uma vez mais, que não é possível fazer meias revoluções, com a democracia burguesa. Por isso, companheiros, será tarefa dos trabalhadores e dos revolucionários abrir uma nova etapa, reacendendo o entusiasmo das massas, impulsionando a revolução operária e camponesa, a verdadeira revolução, a revolução proletária!“ [15]

Parte da esquerda, sobretudo o MIR, já discursava no sentido de preparar os trabalhadores para um possível confronto com os fascistas que, cada vez mais arquitetavam o golpe de Estado. Não havia mais qualquer possibilidade de acordo entre o governo e a DC, a direita contava os dias para executar o golpe, faltava apenas à unanimidade nas Forças Armadas, conquistada logo após, quando Carlos Prats renuncia ao gabinete e à chefia do exército Allende, pois não tinha mais condições de atuar dentro das Forças Armadas. Com a saída de Carlos Prats principal militar antigolpista, os demais antigolpistas também se retiraram. Em seu lugar assume nada mais nada menos que, Augusto Pinochet.

Os trabalhadores pediam armas para poder se defender, eles, mais que qualquer burocrata do governo e o próprio Salvador Allende, queriam defender as conquistas adquiridas fruto de anos de lutas e consciência de classe e sabiam que, se permitisse um golpe fascista derrubando todas as conquistas de anos de lutas, o Chile levaria anos, talvez décadas para se recuperar. Dirigentes do MIR, da Esquerda Cristã e parte do Partido Socialista, ainda se reuniram com Allende dias antes do golpe na tentativa de preparar a luta armada. Insistiam na insurreição e na guerra civil como forma de resistência, abraçando-se no setor antigolpista das Forças Armadas e, sobretudo, no armamento do povo e no seu ímpeto em defender as conquistas adquiridas. Salvador Allende não aceita a proposta e insiste na manobra de preparação para um plebiscito.

Em 4 de setembro de 1973, é comemorado o 3° aniversário do triunfo eleitoral de Allende. Apesar da crise é organizada uma gigantesca manifestação, talvez a maior da história política do Chile. Ao final da tarde desse dia nada mais nada menos que, 850 mil pessoas desfilam em apoio ao governo. As palavras que se ouviam contrastavam em apoio a Allende e a incitação de se fortalecer o poder popular. “Operários em ação param a sedição!”, “Avante, Unidade Popular!”, “Juventude Socialista do Chile!”, “A fábrica expropriada, jamais será entregue!”, “Chega de conciliar é hora de lutar!”, “Povo, consciência, fuzil, MIR, MIR!”, “Allende, tranqüilo, o povo está contigo!”.

Dias depois, Allende confessa a algumas pessoas ao seu redor que pretendia organizar um plebiscito, entre elas estava Augusto Pinochet. Allende marcara para o dia 11 de setembro o anúncio para a população do plebiscito. Exatamente em 11 de setembro de 1973 começa o golpe de Estado, inicialmente em Valparaiso. Às 7:30 horas da manhã Allende chega ao palácio, mas não tem nenhuma possibilidade de organizar a defesa de seu governo. Às 8h, aviões da Força Aérea sobrevoam a capital Santiago e o La Moneda, exigindo a renuncia de Salvador Allende oferecendo-lhe um avião para sair do Chile, do contrário o palácio seria submetido a um bombardeio aéreo. Uma hora mais tarde Allende fala pelo rádio à população:

“A Força Aérea bombardeou as torres da Rádio Portales e da Rádio Corporacion. Diante disso, só me cabe dizer aos trabalhadores: não vou renunciar! Colocado pela história nesta situação, pagarei com a minha vida a lealdade do povo. A história é nossa, é feita pelos povos. Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores!“ [16]

Salvador Allende falara pela última vez com os trabalhadores, às 14:15 o presidente Salvador Allende, eleito presidente da república do Chile com uma composição frente populista 3 anos antes, morre no palácio La Moneda, bombardeado pela Força Aérea. Com ele morre também a via chilena ao socialismo, que desde de o início, agonizava.

Nahuel Moreno diz que o propósito da Frente Popular “é desmobilizar e desmoralizar os trabalhadores, conduzindo-os a maiores sofrimentos ou derrotas históricas.[17] Ao que parece, os trabalhadores do Chile sofreram naquele instante do bombardeio, a sua maior derrota. Para o trotskismo essa derrota “é um produto objetivo da crise de direção revolucionária do movimento operário…”,[18] direção que apoiada desde o início pelos trabalhadores, apostou no respeito a legalidade e no projeto reformista da via chilena ao socialismo ou via pacífica ao socialismo.

Trotski uma vez havia dito:

“Ao adormecer os operários com ilusões parlamentares que paralisam a sua vontade de luta, cria-se as condições favoráveis para a vitória do fascismo. A política de aliança com a burguesia deve ser paga pela classe operária com anos de sofrimentos e sacrifícios, quando não com dezenas de anos de terror fascista.“[19]

Para o trotskismo então, a confusão levada às massas com um governo de Frente Popular, ou seja, um governo no qual os partidos operários colaboracionistas de classe ocupam ministérios ou um lugar predominante, que pode ser na maioria das vezes a cadeira de presidente, é o fator determinante para a derrota da classe operária que, diante de uma situação revolucionária como no Chile de Salvador Allende, é desmoralizada ou desmobilizada pelas direções oportunistas da classe operária. Principalmente ao não preparar (por que não o queriam) as massas para a tomada do poder.

Coube ao MIR a posição mais radical dentro da esquerda, sobre essa organização Moreno resguardou um posicionamento:

“O MIR e o PSR (seção do SU), acompanhando o stalinismo e a social-democracia, passaram todo o tempo, e desde o início, alinhados com Allende, sem educar as massas sobre o caráter contra-revolucionário que ele possuía, e sem colocar para elas uma alternativa de poder.
Repetiram até se cansarem o argumento que começamos a ouvir na França: que, como existe o perigo de um golpe fascista, não temos que atacar o governo.
Tal oportunismo levou o grosso das correntes operárias, seguidoras do stalinismo e da social-democracia, a desperdiçarem os anos de heróica luta do proletariado sem construir o partido revolucionário que fosse capaz de barrar os passos de Pinochet e derrubar Allende, fazendo a mesma coisa que os bolcheviques fizeram com kornilov e kerensky. Dessa forma, essas correntes facilitaram a tarefa da Frente Popular desmobilizadora e confucionista, a serviço da contra-revolução, que conduziu à vitória do golpe.[20]

De fato, o MIR não entrou na Unidade Popular, no entanto manifestou apoio ao governo desde o início, prova disso era que coube ao MIR a organização da guarda pessoal de Salvador Allende e também pelo fato de que, a postura mais radical do MIR só apareceria quando a situação já não mais permitia reação por parte dos trabalhadores.

Percebemos, portanto, chegando ao final dessa análise do governo de Salvador Allende, que para o trotskismo, a tática frentista acaba por adotar o programa da burguesia na medida em que não extrapola os limites da democracia burguesa, buscando para isso desmobilizar as massas operárias sublevadas, levando-as incondicionalmente a derrotas históricas e conseqüentemente a vitória do fascismo.

Não obstante, o próprio trotskismo reconhece que há especificidades em cada processo histórico, porém o que varia nesses processos históricos são as formas e o tempo que levam para se chegar às derrotas. As derrotas podem se dar de forma violenta, através de golpes de estados como no Chile com Salvador Allende, ou por via eleitoral que nesse caso podemos usar como exemplo mais uma vez, o Chile, em 1938 com o presidente Pedro Aguirre Cerda. A única saída vitoriosa para a classe trabalhadora diante do frentismo seria com uma revolução vitoriosa como ocorreu na Rússia em outubro de 1917. Sem a revolução seria inevitável a derrota da classe proletária, por culpa exclusiva das direções reformistas e oportunistas da classe operária no governo, por que segundo Leon Trotski: “A característica fundamental da situação mundial, no seu conjunto, é a da crise histórica da direção do proletariado”,[21] e essa crise é “o principal obstáculo para a transformação da situação pré-revolucionária em situação revolucionária”[22] dado o “caráter oportunista da direção do proletariado”.[23]


NOTAS

1. AGGIO, Alberto. op. cit. 1999. p. 17.
2. SADER, Emir. op. cit. 1992. p. 38-39.
3. HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 149.
4. MORENO, Nahuel. Os governos de frente popular na História. São Paulo: Instituto José Luis e Rosa Sundermann. 2003. p. 9.
5. SADER, Emir. op. cit. 1992. p. 41
6. SADER, Emir. op. cit. 1992. p. 41
7. SADER, Emir. op. cit. 1992. p. 45
8. No decorrer desse trabalho serão utilizadas algumas vezes essas e outras palavras de ordem para melhor ilustrar os acontecimentos. Essas palavras de ordem foram extraídas do documentário “A batalha do Chile” de Patrício Guzmán.
9. PAIVA, Maurício. Transição ao socialismo: as lições do Chile. São Paulo: Editora Alfa-Omega. 1984. p. 48
10. PAIVA, Maurício. op. cit. 1984. p. 53
11. MORENO, Nahuel. Os governos de frente popular na História. São Paulo: Instituto José Luiz e Rosa Sundermann. 2003. p. 52
12. Ibidem. 2003. p. 28
13. SADER, Emir. op. cit. 1992. p. 48.
14. A Batalha do Chile (La Batalla de Chile) – Cuba/Chile/França/Venezuela, 1975, 1977 e 1979. De Patricio Guzmán. Duração: 272 minutos. Distribuição: Videofilmes.

15. VERDUGO, Patrícia. Como os EUA derrubaram Allende – Chile, 1973. Rio de Janeiro: Renavan, 2003. p. 86
16. A Batalha do Chile (La Batalla de Chile) – Cuba/Chile/França/Venezuela, 1975, 1977 e 1979. De Patricio Guzmán. Duração: 272 minutos. Distribuição: Videofilmes.

17. MORENO, Nahuel. Os governos de frente popular na História. São Paulo: Instituto José Luiz e Rosa Sundermann. 2003. p. 26.
18. Ibidem. 2003. p. 26.
19. TROTSKI, Leon. Programa de Transição. Pluma: Bogotá, 1938. p. 10.
20. MORENO, Nahuel. op. cit. 2003. p. 53
21. TROTSKI, Leon. Programa de Transição. Pluma: Bogotá, 1938. p 10.
22. Ibidem, 1938. p. 10.
23. Ibidem, 1938. p. 10.