O grupo Católicas pelo Direito de decidir realizou, ao meio-dia desta quinta-feira, uma manifestação na catedral da Sé, em São Paulo, pelos direitos das mulheres. A reivindicação central das Católicas é a legalização do aborto.

Elas seguraram uma faixa nas escadarias da catedral com uma mensagem ao Papa: “Católicas fazem sexo por prazer, usam camisinha, apóiam mulheres que abortam e defendem a diversidade sexual. Quando a Igreja vai mudar?”

Algumas pessoas foram ao local manifestar apoio ao grupo. Foi o caso da socióloga e advogada Adriana Gragnani. “Vim hoje aqui na praça da Sé em apoio as Católicas pelo Direito de Decidir e em solidariedade às mulheres que praticam o aborto”, disse. Adriana também se manifestou “contrária às declarações do chefe de Estado, o Papa Bento, que chega em território brasileiro e afronta o poder legislativo, afronta os direitos das mulheres em dispor de seu corpo, da sua liberdade e da sua autonomia”.

Maria José Rosado, da coordenação das Católicas pelo Direito de Decidir, informou que o grupo vem realizando pesquisas de opinião entre os católicos sobre o tema. Em todas elas, tem se expressado um desacordo com a Igreja no que tange as questões de moral sexual e de reprodução. Segundo ela, a vida cotidiana das mulheres católicas, na prática, não segue os preceitos conservadores que prega a Igreja. “Quando é que a hierarquia da Igreja vai ouvir as mulheres e vai mudar a sua teologia, a sua doutrina e a sua maneira de encarar esses problemas?”, questionou.

Maria José falou, ainda, que o problema específico das mulheres faz parte de toda luta por justiça social. “São as mulheres mais pobres que morrem e que sofrem as conseqüências da ilegalidade do aborto; são aquelas que estão contaminadas pelo vírus da Aids; são as mulheres negras”, afirmou. Para ela, “não há nenhuma contradição nisso, ao contrário, a luta por justiça social tem que integrar a luta das mulheres”.

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