Entre 1991 e 2002, foram assassinados na Colômbia 160 dirigentes e ativistas sindicais por ano, segundo os informes da Escola Nacional Sindical da CUT colombiana. Num total de 1.937 assassinatos.

Dos 213 assassinatos de sindicalistas que ocorreram em 2002 em toda América Latina, 184, portanto 96%, ocorreram na Colômbia. Sem falar nos milhares de assassinatos nas décadas de 80 e 90 e nos milhares que tiveram que fugir do país. Sem dúvida a Colômbia é o lugar mais perigoso do mundo para a atividade sindical.

Por isso esta questão foi discutida na última reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 20 de junho, em Genebra, na Suíça. A proposta de formar uma “Comissão de Pesquisa para Colômbia” – na verdade, uma comissão de investigação – foi derrotada. Votaram contra os 14 representantes dos patrões no organismo e 12 dos 14 representantes governamentais. A favor, apenas os 14 representantes dos trabalhadores.

O que mais impressionou é que o delegado do governo Lula, presente na reunião, votou contra a formação desta Comissão, ajudando o governo Uribe a obter um triunfo político, pois a OIT não investigará os assassinatos.

Para completar, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, em sua última visita a Bogotá, falando sobre o controle das fronteiras com este país e das denúncias de entrada ilegal de armas, que seriam trocadas por drogas com os guerrilheiros locais, afirmou: “Nossa posição é a de trabalhar com o governo colombiano. Não fazemos nada que possa afetar de maneira direta ou indireta nossa relação com o governo colombiano”.

Assim, a política externa de Lula tem Álvaro Uribe como grande aliado na Colômbia.
A CUT e os sindicatos brasileiros devem exigir que o governo Lula se retrate dessa posição e encaminhe recurso à OIT para reverter essa resolução, que deixa a ultra-direita colombiana de mãos livres para continuar assassinando sindicalistas.
Post author Américo Gomes,
de São Paulo
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