Na Bahia, em 2 de julho de 1823, quase 10 meses após a proclamação oficial da Independência, registrada pacificamente com um grito às margens do Rio Ipiranga pelo ex-monarca português Dom Pedro, as tropas portuguesas foram verdadeiramente derrotadas. A data também marca a adesão do Estado baiano à independência brasileira, o que é comemorada todos os anos com um cortejo cívico-popular em Salvador.

De manhã cedo, milhares de pessoas se concentram no Lapinha, no bairro do Barroquinha, em direção ao centro histórico do Pelourinho, guiados por dois pequenos carros (ou carroças), cada um deles sustentando a imagem de um caboclo e uma cabocla, os símbolos dos nativos brasileiros que habitavam essas terras muito antes da chegada dos portugueses. Junto aos carros, as colunas de oficiais do Estado, escolas municipais e estaduais, associações de bairros, sindicatos, movimentos sociais e categorias de trabalhadores que levam suas faixas e reivindicações, como os petroleiros que denunciaram a privatização da Petrobrás pelo vampiro Temer (MDB) e os policiais civis que explicitaram o descaso do governador Rui Costa (PT) com a segurança pública do Estado.

A militância do PSTU se fez presente e distribuiu o manifesto “Um Chamado à Rebelião!” que foi bem recebida pela população em geral. Apesar da alegria e festividade própria do povo baiano, que leva alguns moradores a decorar suas casas no percurso do cortejo à irreverência de categorias organizadas de trabalhadores que são ritmadas por bandas fanfarras, o Estado da Bahia e a cidade de Salvador em particular, vivem uma situação caótica, com índices de violência altíssimos, sérios problemas de mobilidade urbana e, com a chegada das chuvas, parte da população que mora nas encostas convive com o medo e a apreensão de ser soterrada sob a própria casa sem o poder público nada fazer.

Esta realidade também não é muito diferente da maioria das cidades brasileiras. O Brasil está sendo entregue ao capital financeiro e especulativo enquanto cresce o desemprego, o subemprego, o corte de gastos sociais, o que resulta em um dos países mais desiguais do mundo. Ou seja, enquanto os banqueiros, as construtoras e algumas multinacionais estão ganhando rios de dinheiro, grande parte da população está empobrecendo e pior, sequer possui expectativas de um futuro melhor. Isso ocorre por que o país está em verdadeiro processo de recolonização.

Em dois de julho, a Bahia expulsou os portugueses a pedradas por que teve forte adesão dos negros, das mulheres e dos indígenas, demonstrando que foi possível nos tornarmos independentes. Agora, precisamos de uma segunda independência, mas diferente do século retrasado, nossos exploradores são os grandes capitalistas internacionais que sugam as nossas riquezas principalmente pelo mecanismo de pagamento da dívida pública, além da remessa de lucros às matrizes e a aquisição de nosso patrimônio via privatizações e leilões.

Precisamos suspender o pagamento da dívida, reestatizar as empresas que foram privatizadas e estatizar as cem maiores empresas em solo brasileiro. Estas são as medidas iniciais para garantirmos a redução da jornada de trabalho sem a redução do salário, o que geraria mais emprego, salários mais decentes e melhor distribuição de terras, com a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Tudo isso só é possível se os trabalhadores se insurgirem em uma verdadeira revolução negra, operária e socialista.

Viva o 2 de julho!

Por uma segunda independência!