Manifestação durante as Jornadas de Junho em 2013

Chega de dinheiro para a Copa do Mundo da FIFA e para as grandes empresas. É preciso mais dinheiro para saúde, educação, moradia e transporte público. No ano da Copa, a vitória se conquista nas ruas!

O governo Dilma Rousseff (PT), seus aliados e a oposição de direita ainda não conseguiram recuperar a estabilidade política do país, abalada pelas Jornadas de Junho. Apostam suas fichas, principalmente, na criminalização das manifestações e dos movimentos sociais, na Copa do Mundo e nas eleições presidenciais.

No entanto, a grande lição de 2013 ainda permanece na cabeça do povo. Aprendemos que é preciso e legítimo lutar, que é possível vencer. Por outro lado, todas as desigualdades sociais que indignaram milhões ainda existem e se agravam a cada dia. Os donos do poder não ouviram as exigências das ruas.

Ao contrário da vontade da burguesia brasileira, o ano de 2014 promete ser marcado pela continuidade das mobilizações da juventude e da classe trabalhadora. O mês de janeiro vem dando sinais de que a polarização política e social só tende a se acirrar no país. O primeiro sinal disso são os “rolezinhos” de jovens das periferias aos shopping centers. O racismo que se demonstrou em ações violentas da polícia e medidas jurídicas para impedir os pobres e negros de entrarem nestes centros gerou indignação e mais “rolezinhos”, que já estão marcados.

Chega de dinheiro para a Copa
A mídia tenta nos convencer de que a Copa do Mundo vai beneficiar toda a população, trazendo mais investimentos e melhorias na infraestrutura das cidades. Um megaevento esportivo internacional que, supostamente, manteria o Brasil no caminho do desenvolvimento.

Mas, na verdade, a Copa do Mundo é um evento privado, controlado pela FIFA e seus patrocinadores. A maioria da população brasileira, apaixonada por futebol, ficará bem longe dos novos e luxuosos estádios por conta dos ingressos caros. E as injustiças não param por aí.

Até agora, a Copa do Mundo só provocou o avanço da especulação imobiliária, das remoções forçadas de comunidades e da criminalização da pobreza. Na corrida contra o tempo, já morreram sete operários nas obras dos novos estádios. Em torno da preparação do megaevento, está se construindo também uma legislação de exceção, que ataca a soberania do país e aumenta a repressão às lutas.

A FIFA está isenta de todos os impostos e encargos trabalhistas que deveriam ser recolhidos por suas atividades econômicas no país. Além disso, a Lei Geral da Copa legaliza todas as ingerências da FIFA, que durante o mundial de futebol determina quais produtos devem ser vendidos e quais estabelecimentos comerciais serão abertos nas regiões próximas aos estádios.

O próprio governo federal vem elaborando uma série de medidas, na forma de diversas leis, com o intuito de garantir a tranquilidade da Copa do Mundo, por meio do recrudescimento da repressão aos movimentos sociais, com prisões e inquéritos contra os ativistas. A burguesia quer evitar a todo custo que se repita mobilizações de massas no país em 2014.

E, pior, tudo isso é financiado com o dinheiro da população. Já foram gastos mais de R$ 20 bilhões dos cofres públicos na construção dos estádios, nas reformas dos aeroportos e nas obras de infraestrutura. É investimento público para financiar um evento privado, que vai fazer lucrar empresas multinacionais e monopólios de comunicação.

Enquanto isso, os serviços públicos estão cada vez mais precários e caóticos, sem investimento dos governos federal, estaduais e municipais. Por isso, multidões cantavam “da Copa eu abro mão, quero mais dinheiro para a saúde e educação”, nas Jornadas de Junho.

A juventude e os trabalhadores exigiram novas prioridades do governo e a ampliação dos direitos sociais e não vão descansar em 2014. Dia 25 de janeiro, já vão ocorrer, em todo o Brasil, atos denunciando os desmandos da FIFA.

Não só torcer, mas também ir à luta pelo Brasil!
A propaganda governista procura jogar o entusiasmo com a seleção brasileira de futebol contra as manifestações. Na opinião do governo Dilma, aqueles que estão se organizando para ir aos atos e passeatas não torcem pelo Brasil, querem atrapalhar a Copa do Mundo e a volta da direita à Presidência da República.

Mentiras que visam proteger o governo do PT do desgaste que sofreu desde as jornadas de junho. Nós, do PSTU, pensamos totalmente diferente. Em nossa opinião, quem torce pelo Brasil, dentro e fora de campo, deve seguir lutando contra as desigualdades sociais que existem no país. Para começar, nas próximas semanas vamos ocupar os shoppings e as ruas contra o racismo e as injustiças da Copa do Mundo!

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