579 famílias do Quilombo Kingoma, localizado em Lauro de Freitas, estão sem política pública de combate ao coronavírus
PSTU-BA

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Comunidade de Kingoma reclama por políticas públicas

“Não tem sequer um carro de som passando informações à comunidade sobre que cuidados tomar diante esta crise do coronavírus”, informa Dona Ana, liderança do Quilombo Kingoma, localizado em Lauro de Freitas, cidade da Região Metropolitana de Salvador.

São 579 famílias desamparadas frente à pandemia da Covid-19. Nenhum agente público – das três esferas (federal, estadual e municipal) – visitou a comunidade para levar ajuda ou  informações de combate ao coronavírus. Os governos – federal, do presidente Jair Bolsonaro, e o estadual, do governador Rui Costa (PT) – não apresentaram nenhum plano de combate ao coronavírus voltado especificamente às comunidades quilombolas.

“Já sofremos com a falta de políticas públicas voltadas ao quilombo, o que pode levar a uma situação de crise muito maior com a pandemia. Aqui não tem posto de saúde, não temos cobertura permanente de agentes comunitários de saúde, não existe saneamento básico. Muitas residências não têm sanitários e fossas, nem água encanada. Tudo isso são agravantes”, destaca Dona Ana.

Quarentena

A quarentena não está sendo 100% aplicada na comunidade, já que o próprio poder público não está presente no quilombo. “Aqui estamos tomando as medidas por conta própria. Mas são poucas pessoas que você encontra usando máscaras. Sem contar também que os materiais de segurança são caros e a comunidade é muito pobre”, disse Dona Ana.

O aterro sanitário, que a prefeitura insiste em manter dentro da comunidade quilombola, está funcionando. “Todo mundo segue trabalhando, incluindo os trabalhadores da reciclagem. Está tudo normal. Não estão nem aí para vida das pessoas”, alerta a liderança quilombola.

O desemprego, que já era um problema social grave que atingia a comunidade, aumentou. Muitos quilombolas trabalham por conta própria, com venda de seus produtos, fazendo bicos. A ajuda de R$600 do governo federal ainda não chegou. É pouco diante das necessidades, mas nem isso ainda está disponível aos quilombolas. A prefeita de Laura de Freitas, Moema Gramacho (PT), e o governador Rui Costa (PT) não apresentaram nenhum programa de ajuda financeira aos quilombolas.

A comunidade do Kingoma está sofrendo um sério risco frente à pandemia. É preciso urgente um plano de políticas públicas de combate à Covid-19, voltado ao povo quilombola. A prefeitura de Lauro de Freitas tem que garantir distribuição de máscaras, álcool em gel e materiais de higiene à população. Bem como, garantir que a comunidade possa ter o direito ao isolamento social.

O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde registra 635 casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) e 21 óbitos na Bahia. Em Lauro de Freitas, cidade onde está localizado o Quilombo Kingoma, são 17 casos confirmados e duas mortes.

Campanha solidária

O Movimento Aquilombar e o grupo de capoeira Semear Angoleiros, uniram forças com a Associação Quilombola Kingongo do Quilombo Kingoma, estão realizando uma campanha solidária em apoio à comunidade quilombola e à população vulnerável do bairro de Itinga, também localizado em Lauro de Freitas.

“Nossos irmãos pretos e pobres, do quilombo e da periferia, estão sofrendo com a falta de políticas públicas dos governos para combater o coronavírus. Nossa campanha aposta na solidariedade de classe, na união entre os trabalhadores, para enfrentar este momento”, frisa Vander Bispo, do Movimento Aquilombar

Estão sendo recolhidos alimentos, remédios e produtos de higiene pessoal.
Para saber como contribuir, acesse os perfis do Movimento Aquilombar no Facebook e no Instagram, ou fale pelo WhatsApp – (71) 98104-5087.