Com a crise da British Petroleum, outras multinacionais tomam o lugar da petroleira na exploração do pré-salNo dia 20 de abril, a sonda Deepwater Horizon – sob a responsabilidade British Petroleum (BP) – explodiu, matando 11 trabalhadores e provocando um vazamento catastrófico. O derramamento de petróleo provocado pela BP é incontrolável e arrasador. Não há como limpar nem compensar os estragos causados à Natureza. A maré crescente ao longo da Costa Sul dos Estados Unidos prejudica as inúteis operações de limpeza da superfície da água do Golfo do México.

A partir desta catástrofe ambiental, as ações da British Petroleum entram em queda irreversível na especulação financeira e a ExxonMobil e Royal Dutch Shell já sobrevoam o ninho da BP tal qual urubu na carniça. A British Petroleum perdeu mais da metade do seu valor no mercado. A BP tem participação em blocos petrolíferos do Pré-Sal de Jubarte e Wahoo, situados na bacia de Campos. Entre as Big Oil, a ExxonMobil é financeiramente a mais forte. Enquanto que a BP caiu da posição de maior empresa da Grã-Bretanha para a quinta colocação, ficando atrás da Royal Dutch Shell, HSBC, Vodafone e GlaxoSmithKline.

A BP deve passar a sua parte do petróleo no Brasil para outras Big Oil. A Royal Dutch Shell acaba de anunciar que encontrou petróleo no Pré-Sal da bacia de Campos, da qual já é extraído petróleo do Pós-Sal. O poço 3-Shell-22-ESS encontrou petróleo também no Pós-Sal. É como tirar pirulito das mãos de uma criança. O resultado anunciado pela Royal Dutch Shell é produto do modelo de regime de concessão do governo FHC que permanece na integra no novo marco regulatório do governo Lula.

Segundo informação da própria Shell, mais 10 poços offshore serão perfurados pela Shell na província do Pré-Sal de Parque das Conchas nos próximos 18 meses. A Royal Dutch Shell já bombeia cerca de 90 mil barris de petróleo bruto por dia do Parque das Conchas, na bacia de Santos. Parque das Conchas inclui quatro áreas distintas: Abalone, Argonauta, Nautilus e Ostra.

A Shell é operadora do bloco BC-10, com uma participação de 50%. A India´s Oil & Natural Gas Corp tem uma participação de 15%. A participação da Petrobras é de 35%. A Shell estima que o bloco possa ter 400 milhões de barris de petróleo recuperável, metade (200 milhões de barris) pertence a ela. A India´s Oil & Natural Gas Corp fica com 60 milhões de barris. Do que sobra, 140 milhões de barris, a maior parte pertence aos acionistas do capital privado, cuja imensa maioria é internacional, pois dois terços das ações preferenciais da Petrobras pertencem a eles. Dos 400 milhões de barris de petróleo, cabem à União apenas 45 milhões de barris. Essa realidade é o significado do novo marco regulatório do governo Lula.

Ainda mais. No momento, as Big Oil consideram que a região do Pré-Sal da bacia de Campos seja mais atraente para elas, porque a camada de sal não é tão espessa como na bacia de Santos, onde a camada de sal pode atingir espessura de mais de 2.000 metros. Além disso, a bacia de Campos, que dela já é extraído mais de 85% do petróleo bruto do Brasil, também já tem uma infra-estrutura petrolífera bem estabelecida.

Blocos petrolíferos de Jubarte e Wahoo já foram perfurados pela Anadarko Petroleum e Devon Energy, outras duas multinacionais dos Estados Unidos. Mas, a Devon Energy vendeu sua parte para a British Petroleum (BP). Assim, o petróleo do Pré-Sal e do Pós-Sal já está sendo passado de uma para outras “Big Oil”. E essa realidade só nos faz relembrar o que sempre dizia Nelson Rodrigues: “Seria cômico se não fosse trágico”.