Leilão ocorre sob denúncias de irregularidadesCinco grandes empresas, quatro delas multinacionais, participam do leilão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), no próximo dia 26 na Bolsa de Valores de São Paulo. A terceira maior empresa de energia do país será leiloada pelo governo Serra por um preço mínimo de R$ 6,6 bilhões.

A definição das empresas que participarão da privatização ocorre após as estatais que se interessavam no negócio, como a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e Copel (Companhia Paranaense de Energia), desistirem do leilão. Uma lei do governo Covas, aprovada durante o início das privatizações no estado, em 1997, proíbe a participação de estatais nas privatizações. Mostrando que seu objetivo é desestatizar completamente o setor, o governo tucano colocou à venda a parte das ações da Cesp que estava de posse do Metrô.

Inscreveram-se para participar do processo de privatização a Tractebel, empresa controlada pelo grupo franco-bela Suez; a Neoenergia, da espanhola Iberdrola; Energias do Brasil, que apesar do nome é do grupo EDP (Energias de Portugal); a norte-americana Alcoa e a única empresa brasileira, a CPFL, ex-estatal privatizada em 97.

Apesar de cinco empresas ter se inscritos para o leilão, a previsão é que elas se juntem formando no máximo dois consórcios para a disputa da estatal, aumentando ainda mais o monopólio no setor.

Experiência da CPFL
A experiência da venda da CPFL já mostrou o resultado da política de privatização: aumento nos lucros dos empresários em troca da degradação dos serviços e desemprego. Em 1997, ano de sua privatização, a CPFL contava com 5.558 trabalhadores. Em 1998, segundo o Sinergia (Sindicato dos Trabalhadores Enérgicos de São Paulo), esse número caiu para 4.422 e atualmente são pouco mais de 3 mil. Os lucros, ao contrário, só crescem. Em 2007 a empresa teve lucro recorde, de R$ 9,4 bilhões, contra R$ 7,9 no ano anterior.

Irregularidades
O Sindicatos dos Engenheiros do Estado de São Paulo denuncia ainda que o valor pelo qual a Cesp será leiloada está subavaliado. Segundo o advogado da entidade, Paulo José Nogueira da Cunha, “o preço de avaliação da Cesp é vil, não corresponde ao real patrimônio, o qual equivale ao custo de reposição da empresa”. Segundo Cunha, o preço da estatal deveria ser três ou quatro vezes maior do que o valor mínimo estipulado para o leilão.

Protesto
No dia 26 de março, sindicatos e movimentos sociais realizam protesto público em frente à Bovespa, durante o leilão da estatal.