`FotoA chamada reforma ministerial, realizada pelo presidente Lula, foi o cumprimento de promessas feitas ao PMDB durante as negociações das reformas da Previdência e tributária no Congresso Nacional. O PT garantiu cargos no primeiro escalão do governo em troca do apoio dos peemedebistas às reformas. A despeito de certas declarações afirmarem se tratar de uma “readequação” de forças políticas a fim de garantir maior conforto ao governo, o eufemismo não esconde a clara prática do antes tão criticado fisiologismo. Mas vai além.

Consolida-se, assim, um movimento de estreitamento das relações do PT com a direita. Durante a campanha para a Presidência, em 2002, Lula tentou justificar a aliança com o Partido Liberal do empresário José de Alencar, alegando ser a primeira vez que um partido de direita integraria uma frente hegemonizada por um partido de esquerda. O PT esforçou-se por dar um caráter meramente “tático” à aliança, que serviria apenas para vencer as eleições. Um ano depois, com uma ampla maioria no Congresso, o partido dispensou maiores argumentos e Lula chamou a aliança com o PMDB, de “estratégica” para o país.

O PMDB ganhou duas pastas no primeiro escalão do governo. O deputado federal e dono de cinco emissoras de rádio, Eunício Oliveira, do Ceará, ficou com o Ministério das Comunicações. Amir Lando, senador por Rondônia, recebeu o Ministério da Previdência. Proprietário de terras em Corumbiara (RO), Amir Lando já foi acusado de extrair ilegalmente madeiras de reservas indígenas da região. Lula também aproveitou a reforma idealizada inicialmente apenas para abrigar o PMDB oficialmente no governo, para redirecionar alguns ministros. Assim, Berzoini, que coordenou a reforma da Previdência e protagonizou o escândalo do recadastramento dos idosos, foi para o Ministério do Trabalho cuidar dos preparativos das reformas sindical e trabalhista.

O deputado federal pelo PCdoB, Aldo Rebelo, foi premiado com uma pasta feita especialmente para abrigá-lo. Principal articulador do governo na Câmara e autor do projeto dos transgênicos, o deputado comandou os acordos com os demais partidos, como o PP, o PSDB e o próprio PMDB, para a aprovação das reformas. O PP, que não angariou nenhuma pasta, deverá abocanhar alguma estatal.

Alianças com o PSDB nas eleições municipais

Mas não é apenas com o PMDB que o governo Lula está articulando alianças. Uma reunião da direção regional do PSDB com o PT no Rio de Janeiro, em dezembro passado, definiu uma política de alianças para as eleições municipais. Já estão definidas alianças eleitorais em cidades como Nova Iguaçu, que terá o ex-radical Lindberg Farias como candidato a prefeito com o apoio dos tucanos.
Post author Diego Cruz,
de Bauru (SP)
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