o dia 29 de março, às 23 horas e 29 minutos (horário de Brasília), o cosmonauta brasileiro, Marcos Pontes, seguirá em direção ao espaço a bordo da espaçonave russa Soyuz. O brasileiro irá para a Estação Espacial Internacional (ISS) e retornará no dia 8. A mídia vem tratando a viagem como o evento mais importante do “programa espacial brasileiro”. O que talvez seja verdade. Contudo, restam muitas incertezas sobre as reais vantagens dos experimentos científicos sobre microgravidade e radiação espacial a ser realizados por Pontes na órbita da Terra. Muitos destes experimentos, inclusive, são mantidos em absoluto sigilo.

A resposta para tais dúvidas não é fácil. Apenas depois do retorno do material coletado pelo cosmonauta será possível tirar conclusões mais precisas. Mas sobre uma questão não paira nenhuma dúvida: a descarada utilização e manipulação da viagem de Pontes pelo governo Lula, que deseja utilizá-la como peça de propaganda para a sua reeleição.

Lula vai repetir a mesma mentira que contou para a população brasileira, quando pagou adiantado a parcela da dívida externa ao FMI. Vai dizer que a viagem de Pontes será uma “prova da soberania nacional” conquistada pelo seu governo. Um dos “eventos” programados na expedição é a realização de uma conversa entre Lula e Pontes, com direito a uma transmissão ao vivo pela televisão.

O programa espacial brasileiro se encontra no mesmo estágio de sucateamento e abandono dos demais programas científicos do País. Mesmo a Índia, um país semicolônia do imperialismo como o Brasil, tem um programa espacial com um orçamento de US$ 500 milhões, cinco vezes maior que o nosso.

A viagem de Pontes é resultado de um estranho acordo com os EUA, em 1997. Nesse acordo, o Brasil assumiria a responsabilidade de fabricar peças para a parte norte-americana da ISS, em troca da viagem de dois astronautas. Mas até hoje as peças não foram produzidas. Em razão da crise do Plano Real, em 1999, o governo teve que renegociar sua participação e ficou responsável por fabricar apenas um componente, o mais importante, orçado em US$ 120 milhões. Mas o dinheiro nunca chegou, pois foi retido para cumprir “outros” acordos financeiros. A saída então foi pagar US$ 10 milhões aos russos para embarcar na Soyuz. Como os milionários pagam pelos vôos espaciais para realizar seus excêntricos sonhos de conhecer o cosmos.

Mas talvez a prova mais contundente do descaso com o programa espacial brasileiro seja o caso do foguete VLS-1. Em 2003, esse foguete explodiu na base de Alcântara, matando 21 pessoas. Na época, Lula prometeu a reconstrução do VLS-1 e um novo lançamento antes do fim de seu mandato. Atualmente nem a plataforma de lançamento onde ocorreu o acidente foi reconstruída.

Tal realidade mostra que, infelizmente, a viagem de Pontes está muito distante das grandes expedições espaciais, como mídia e governo querem nos vender. Suas perspectivas científicas são limitadas a uma utilização eleitoreira da missão.
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