A luta contra o latifúndio e o agronegócio foi destaque da mídia na semana passada. Repetindo seu discurso raivoso, jornais e emissoras deixaram cair a máscara da imparcialidade ao condenar a Jornada de Lutas do MST e o ato das camponesas no Rio Grande do Sul.

A Jornada tem como objetivo preparar o Abril Vermelho do MST, para marcar a passagem dos dez anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA). Até o dia 12, foram 55 ocupações de terra e de prédios públicos em todo o país. Apenas em Pernambuco foram 26 ocupações, com quase quatro mil famílias envolvidas, 150 presos e uma pessoa ferida.

‘Desertos verdes’
No dia 8 de março, antes de se destinarem ao ato de Porto Alegre, cerca de 2 mil mulheres, ligadas ao MST e a Via Campesina, realizaram uma manifestação em Barra do Ribeiro, a 56km da capital gaúcha. Elas ocuparam e destruíram as instalações do horto florestal da Aracruz Celulose, para denunciar as “conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos“.

A mídia tratou logo de sair em defesa das “pesquisas de até 20 anos” que se perderam, como se a ciência fosse neutra e não estivesse a serviço de algo – no caso, dos reis do agronegócio. Até João Pedro Stédile, dirigente do MST, será processado, por ter defendido o protesto.

A Aracruz não é a instituição desenvolvida e progressista que a mídia mostra. Em 20 de janeiro, a empresa mobilizou um enorme aparato policial para destruir aldeias e expulsar 50 indígenas de suas terras em Aracruz (ES) e 12 pessoas ficaram feridas. A empresa coleciona denúncias de desrespeito aos indígenas e agressões ao meio ambiente, mas o governo parece não se importar: o BNDES destinará quase R$ 300 milhões a empresa.

Diante da ofensiva de repressão, é preciso que os ativistas se solidarizem com os movimentos que lutam pela reforma agrária e defendam até o fim o direito à livre manifestação.

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