Esse dia 28 de março será marcado por uma jornada nacional dos movimentos sociais e populares em defesa da moradia e por condições dignas de vida e trabalho. A jornada está sendo convocada por diversos movimentos, entre eles o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Must (Movimento Urbano Sem-Teto) e Quilombo Urbano do Maranhão.

A luta dos movimentos, porém, não se restringe ao problema da moradia. A jornada cobra do governo soluções para os problemas de habitação e infra-estrutura urbana. Um manifesto unificado será divulgado durante o dia de mobilizações.

O Portal do PSTU falou sobre a jornada de luta com Helena, coordenadora do MTST, que também denunciou a repressão às ocupações realizadas pelos sem-teto, durante o governo Lula.

Portal do PSTU – O que os movimentos planejam para a jornada do dia 28?
Helena
– Vários movimentos populares urbanos realizarão uma grande jornada nacional de ocupações. As ações serão diversificadas, mas tem uma coisa muito importante como elemento de unidade: a necessidade de fazer com que o povo das periferias urbanas veja que há uma alternativa ao massacre, exploração, humilhação, segregação e violência que têm sofrido com cada vez mais força. Vamos demonstrar que juntos podemos construir um discurso que se faça ouvir por quem não ouve os trabalhadores, deixando claro que não há solução local para os problemas urbanos.

Quais as principais reivindicações dos movimentos?
Helena
– As reivindicações são tão diversas quanto são os problemas urbanos: moradia, transporte, infra-estrutura, serviços públicos como educação de qualidade e valorização dos professores, controle das taxas cobradas por serviços como água e energia, além de políticas de geração de trabalho que não massacre os informais, não aprofunde a precarização dos já tão explorados trabalhadores.

Qual tem sido a política do governo Lula com relação aos sem-teto?
Helena
– Nada de novo, o governo Lula segue aplicando a mesma política que todos os governos anteriores. A moradia segue sendo um produto de luxo que só se alcança através dos financiamentos bancários, burocráticos e inacessíveis à maioria do povo sem-teto. Além disso, segue intacta a estrutura de propriedades que permite milhares de latifúndios e prédios urbanos vazios enquanto o povo não tem casa e, além disso, quando em situação limite, ocorrem as ocupações, elas são sempre reprimidas, despejadas e a solução de um problema social é implementada pelas polícias estaduais com total omissão do governo federal. Os processos de participação criados no governo Lula, bandeiras históricas de 20 anos atrás, se tornaram maquiagem. É uma burocracia que inclui só aqueles que fazem coro com o Estado. Quem vai pensar a política urbana que responda os problemas dos trabalhadores são os próprios trabalhadores e nessa jornada deixamos claro que não vai ser através de um porta-voz, mas sim nossas ações massivas, organizadas e contundentes.