Cartaz convocando o ato do dia 8

O ato denunciará os governos de Serra e Kassab como os grandes responsáveis pelas enchentes na região do bairro PantanalUma manifestação será realizada nesta segunda-feira, dia 8, em protesto contra os alagamentos no bairro do Jardim Pantanal e região. Os manifestantes vão denunciar o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) como principais responsáveis pelas enchentes que castigam a população. A atividade será às 14h em frente à prefeitura, no centro de São Paulo.

Participarão do ato a Conlutas, o Movimento Terra Livre, e a população dos bairros alagados.

Segundo o dirigente do Movimento Terra Livre, Ronaldo Delfim Souza, que reside no bairro de Pantanal, o governo Serra está cometendo um ato criminoso. “O governo fechou as comportas da barragem da Penha, para não alagar as margens rio Tietê no período das chuvas, e abriu a barragem de Mogi das Cruzes, inundando assim a parte do rio que afeta diretamente os moradores do Jardim Pantanal”.

Cerca de 30 mil famílias moram na região, e mais de 9 mil já foram afetadas pelas cheias. Segundo o dirigente, o governo Serra propositalmente abriu estas barragens para obrigar a população a se retirar do local, onde pretende construir uma estrada que ligará a Marginal Tiête a Salesópolis e um parque que seria uma compensação ambiental. , disse indignado. Salientou ainda que os parelhos públicos e a indústria da região não serão afetados. “Quem está pagando o preço mais uma vez é a população pobre”, denunciou.

Em São Paulo, mais de 70 pessoas já morreram desde o inicio das chuvas que castigam não só a população das periferias, mas também os grandes centros.
Além da população do jardim Pantanal, também são prejudicados os bairros de Poá, Itaquaquecetuba, Guarulhos e Parque de Suzano, que ficam inundados ao primeiro sinal dos temporais.

Souza diz ainda, que o governo contratou uma empresa no valor de R$ 12,5 milhões que faz o cadastramento das famílias para receberem a bolsa aluguel, uma ajuda de custo no valor de R$ 300 durante seis meses. “Quem aderir ao beneficio não terá possibilidade de retornar a sua casa quando a água baixar, pois as casas estão sendo demolidas assim que as famílias se cadastram no programa“.

Segundo Souza, a empresa tem que cadastrar o maior número de pessoas possível. Ele denunciou também que as assistentes sociais ameaçam as famílias de que se as mesmas não fizerem o cadastro poderão ter suas casas demolidas da mesma forma. “Existem pessoas que não foram prejudicadas pelas enchentes na região, no entanto estão cadastrando estas pessoas também, com o intuito de retirar a população de lá”.

O dirigente do Terra Livre ressalta ainda a falta de governabilidade das duas gestões: Kassab e Serra. “Os moradores estão morrendo afogados, perdendo suas casas, e ainda por cima são duramente reprimidos nas manifestações feitas contra os alagamentos. Dois integrantes do movimento Terra Livre já foram presos. Estamos sofrendo ameaças constantes“, alerta.

Para Souza, o responsável pelo alagamento no abairro do Jardim Pantanal é o governo Serra, porém Kassab está dando a cara para bater para proteger seu aliado. “Quem deu a ordem para abrir as barragens foi o Serra”, disse ele, que acrescenta que mesmo sem chuvas, a água do rio continua subindo, o que comprova a verdadeira intenção do governo de tirar as famílias do local.

Outra denúncia feita pelo dirigente é que além da Bolsa Aluguel, o governo disponibiliza a verba do programa de Volta Para Minha Terra, no qual a família recebe R$ 5 mil para sair de São Paulo. “Isso é um absurdo, uma maneira velada de o governo fazer uma higienização na cidade”.

Ele disse que esses problemas vêm de muito tempo, com a especulação imobiliária, que jogou a população para as periferias e para o pé dos morros e encostas de rios.

A população reivindica uma política habitacional concreta, ou seja, uma casa por outra casa; limpeza do rio Tietê entre barragem da penha e Itaquaquecetuba; abertura total e ininterruptamente da barragem da penha até o fim do represamento; indenização dos materiais perdidos e abertura imediata de uma mesa de diálogo.

Para Souza este ato é de suma importância. “Queremos fazer o governo mostrar a cara e vir conversar com as pessoas”.