Os trabalhadores rodoviários de Fortaleza (CE) se levantaram contra a direção do próprio sindicato e promoveram uma verdadeira rebelião de bases. O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Fortaleza (Sintro), eleito através de uma eleição fraudada, assinou em abril o acordo coletivo com a patronal sem consultar os trabalhadores. Impuseram, assim, um reajuste miserável de 5%.

Apesar dos lucros do setor, os salários continuam arrochados. Em 1998, o piso dos motoristas era igual a 4,7 salários mínimos. Em 2007, era de apenas 2,4. Com 5%, isso piora.

Os cobradores e motoristas de ônibus que, além dos salários arrochados, enfrentam duras jornadas de trabalho e péssimas condições, se revoltaram. Partiram para a luta e promoveram uma série de paralisações dos principais terminais de ônibus da cidade. Sem poderem contar com o sindicato, procuraram a Conlutas, que apóia ativamente as mobilizações desde o início. Os trabalhadores elegeram ainda uma junta para negociar com os patrões. A junta também organizaria uma nova eleição para o sindicato.

Nos dias 6, 7 e 8 de maio, os trabalhadores paralisaram as atividades. O movimento fez balançar Fortaleza. A ação repressiva da polícia foi brutal. Oito ativistas foram presos. A imprensa burguesa, como fez na greve dos trabalhadores da construção civil, criminalizou os grevistas.

Repressão
Organizados e enfrentando a insistente falta de conversa da patronal, os rodoviários aprovaram greve a partir de 29 de maio. Desta vez os trabalhadores tiveram a preocupação de preencher todos os requisitos legais, como publicação de edital e aviso antecipado. A Justiça, porém, se antecipando à própria paralisação, declarou o movimento ilegal. Desta forma, caso os trabalhadores insistissem em parar, seria considerado falta grave e eles poderiam ser demitidos por justa causa. Isso aterrorizou a categoria, pois motoristas e cobradores temiam ser demitidos sem qualquer direito.

Como se isso não bastasse, o governo estadual, junto com a prefeita petista Luizianne Lins, armaram um verdadeiro esquema de guerra contra a mobilização. Uma reunião entre a prefeita e os empresários dos transportes preparou o esquema de repressão contra a greve. Os terminais de ônibus foram ocupados pela tropa de choque, pela guarda municipal de Luizianne e pela autarquia municipal de trânsito, que apreendeu dois carros de som dos grevistas e ameaçou os ocupantes dos outros carros.

Próximos passos
Apesar de toda a repressão, a mobilização continua. Existe a possibilidade de a Justiça anular o acordo coletivo assinado pelo sindicato. Os trabalhadores lutam agora pelo reconhecimento da junta, já que não se sentem representados pela direção do sindicato.

Os trabalhadores devem realizar nova assembléia nesta semana e já avisam: se os governos e a Justiça agirem novamente para impedir o legítimo direito de greve, a paralisação será realizada de surpresa.
Junto com a mobilização da campanha salarial, a oposição rodoviária participará do Congresso da Conlutas. Ela elegeu dois delegados para o congresso de Betim (MG) e está vendendo rifas nos terminais de ônibus para garantir a presença dos companheiros.

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