Cena de Negro e Argentino, de Patrício Salgado
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Sob a curadoria de Giba Assis Brasil, evento acontece em oito capitais e com entrada francaOito capitais brasileiras recebem, entre os dias 4 e 16 de dezembro, a 2ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Sob a curadoria do grande montador gaúcho Giba Assis Brasil, salas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Brasília, Belém, Belo Horizonte e Fortaleza exibirão filmes sul-americanos com a temática da Declaração dos Direitos Humanos da ONU, de 1948. A melhor parte: são 35 bons filmes que estão, em sua maioria, fora do circuito comercial e a entrada é totalmente grátis em todas as exibições.

Entre as obras eleitas por Giba Assis Brasil, está El Caracazo, de Roman Chalbaud, que trata da tentativa de golpe na Venezuela, em 2002. ainda é possível assistir, talvez em rara oportunidade, títulos como O Tempo e o Sangue, de Alejandra Almirón (Argentina, 2004), Em Primeira Página, de Pablo Mogrovejo (Equador, 2007), Negro e Argentino, de Patrício Salgado (Brasil, 2006), Memória para uso diário, de Beth Formaggini (Brasil, 2007), Uma História Severina, de Debora Diniz e Eliane Brum (Brasil, 2005), Asilados, de Gonzalo Rodríguez (Uruguai, 2007), Discriminação, Minorias e Racismo, de
Marcelo Caetano (Brasil, 2006), Estrelas, de Federico León (Argentina, 2007), entre muitos outros.

O coroamento da mostra se dá com a exibição da trilogia do argentino Fernando Solanas: A dignidade dos ninguéns, Argentina latente e Memória do Saque . Solanas parte do “argentinazo” de 2001 para contar a história recente do país portenho.

Homenagem ou denúncia?
A mostra foi feita para homenagear a declaração que, em 10 de dezembro de 2008, completa 60 anos. Os filmes são numerados segundo os artigos do texto da ONU, cada um representando um artigo. A grande ironia, porém, é que a maioria dos filmes trata de casos de violação dos direitos humanos.

Longe de resolver o problema da repressão e da violência contra o ser humano, a declaração da ONU não passa de uma carta de intenções. Como o próprio Giba Assis Brasil admite, “é fácil constatar como estamos longe da efetiva aplicação de cada um de seus artigos”.

A organização é conivente, cúmplice e co-autora de barbáries cometidas em guerras promovidas pelo imperialismo. É o caso da guerra do Iraque, com as mortes de civis e as torturas em Abu-Graib. A ONU, apesar de não ter autorizado no início a invasão do Iraque, nunca teve uma atitude efetiva para impedir a guerra ou para acabar com a invasão.

De qualquer forma, vale a qualidade das obras, muito bem escolhidas pelo curador. Com as palavras do curador, “pode ser um bom ponto de partida para o espectador que se dispõe a assistir a um bom filme. Porque o cinema é acima de tudo uma experiência humana, de encontro, de celebração, de identificação, eventualmente de estranhamento”.