Rubens Gerchman
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Morreu nesta terça-feira, 29, aos 66 anos, em São Paulo, o artista plástico carioca Rubens Gerchman. Ele iniciou sua carreira em 1957, no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e marcou os difíceis anos 60 com suas obras belas, politizadas e revolucionárias.

Gerchman fez parte de uma geração de artistas que resolve extrapolar os muros da academia e fazer arte com o cotidiano. Modernista, foi uma das grandes figuras do tropicalismo. É dele a capa do disco Tropicália (1968) – ou Panis et circenses, dos Mutantes. Seu quadro Gioconda do subúrbio também se transformaria num ícone do movimento nos conturbados anos 60.

A obra desse artista ficou marcada por suas pinturas, mas Gerchman também navegou pela escultura, pela gravura, pela serigrafia e pelo design. Ele também flertou com o cinema, produzindo os curtas Valcarnal e Behind the Broken Glass.

Suas obras foram expostas em museus do Brasil e do mundo, levando ao público um pop recheado não só de cores e de traços distorcidos, mas de dia-a-dia, violência, pessoas, vida urbana, amor, erotismo e do sempre apaixonante futebol. Entre suas obras mais famosas, estão as da série Beijos, exposta pela primeira vez em 1989.

Mané Garrincha - Alegria do povo (1997)Contradizendo as acusações de despolitização que o tropicalismo recebia, Gerchman sempre expressou em seu trabalho uma preocupação social, como no quadro Não há vagas. Um letreiro com essa inscrição aparece atrás de trabalhadores diversos.

“Sempre me interessei por localidades pobres, aquelas menos emblemáticas da cidade… por mostrar o ‘outro lado´ da realidade do país… buscando fazer um grande mural… como os muralistas mexicanos ou como Eisenstein em Que Viva México!, dizia.

É difícil escolher entre suas obras apenas algumas para citar. Os Desaparecidos, A bela Lindonéia, O Julgamento, Mané Garrincha – Alegria do povo, Red & Blue, Ônibus, A Cidade são uns poucos exemplos.

Tela da série BeijosGerchman nunca deixou de produzir. Com ele, perdemos não apenas um artista sensível ao amor e à violência, à alegria e à dureza do cotidiano, mas um ativista político e cultural de primeira linha.

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