Camaradas,

A uma da manhã de 11 de julho de 2011, nos deixou um de nossos mais importantes camaradas. No bairro popular que vivia, seu coração parou, depois de repetidas crises de hipertensão.

Mais conhecido a nível internacional como George e no Haiti como Dyab (‘Diabo´), Gerar Murat, filho de um dos melhores e mais conhecidos músicos haitianos, Antalcidas Murat, deixou seus estudos de medicina na Bélgica para ir a Nova Iorque onde se preparava a luta para derrubar Duvalier. Com outros camaradas, fundaram uma corrente, “Comitê Unidade Luta Unida” (KILI em creole) que colocou a revolução proletária como única orientação para não só derrubar o tirano, mas também disputar a direção das lutas para levar todo o povo a sua emancipação completa e definitiva. Não contente em permanecer no exílio, entrou clandestinamente no Haiti para participar ativamente das lutas.

A queda de Jean-Claude Duvalier serviu de fato para abrir espaços mais amplos da luta política. Foi quando, na cena democrática, Dyab, junto com outros companheiros ergueram o Batay Ouvriye (Batalha Operária), movimento do qual nosso falecido camarada foi um dos mais poderosos iniciadores.

Além de ser um dos mais afáveis e abertos camaradas, incansável militante e lutador inflexível, Dyab tinha uma capacidade teórica fora do comum. De fato, na prática de luta mesmo e dentro do processo de proletarização mais e mais profundo que o levou a compartilhar a vida tão dura dos operários e dos trabalhadores nos bairros populares, foi quem desenvolveu a consigna sintetizante que iria ser o resumo de nossa linha: “Viva a luta das massas, com os trabalhadores como pólo central, sob a direção da classe trabalhadora”. Com inúmeras intervenções teóricas e de ação no campo de batalha, foi quem levou a concreta direção do movimento inteiro.

Oxalá essa consigna jogue, em adequados debates e apropriadas ações, o devido papel para arrancar da grande confusão que levam mundialmente os “movimentos sociais”.

Na próxima sexta-feira, na mesma rua, em frente ao nosso local em Porto Príncipe, faremos uma homenagem que, sem tirar nossa dor, contribuirá certamente para reunir forças e impulsionar uma nova onda de lutas sem trégua.