É a segunda morte causada diretamente pela ação da Polícia Militar durante desocupação em São José dos Campos (SP)Morreu no dia 10 de abril em Ilhéus (BA) o ex-morador do Pinheirinho, Ivo Teles dos Santos, de 70 anos, brutalmente espancado durante o despejo realizado pela Polícia Militar na ocupação de São José dos Campos (SP), no dia 22 de janeiro.

A agressão a Ivo, que era aposentado e morava sozinho em um barraco, foi testemunhada por vários moradores. A própria vítima chegou a denunciar o fato a um jornal local. “Eles vieram com muita violência para tirar a gente de casa. Eu reagi e eles partiram para cima. Caí no chão e os três policiais continuaram a bater com o cacetete em mim, olha só como estou agora? Não consigo nem andar”declarou Ivo ao jornal Bom Dia São José.

Algumas horas depois da agressão, o aposentado sumiu e foi dado como desaparecido. Na ocasião, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo chegou a emitir nota afirmando que ‘Santos está bem e já deu até entrevistas depois da desocupação”.

Descobriu-mais tarde que, no mesmo dia da desocupação, Ivo Teles foi hospitalizado. Após dias negando qualquer informação sobre o real estado do paciente, a UTI do Hospital Municipal divulgou um sucinto relatório afirmando que a razão da internação teria sido um “AVC”. Nada sobre os hematomas das agressões.

Ivo Teles permaneceu internado até o dia 22 de março. No dia 28, viajou a Ilheus, na Bahia, sua cidade natal, onde permaneceu sob os cuidados da filha. “A filha do senhor Ivo nos informou que lá em Ilheus ele já não falava, nem andava, e tinha dois grandes ferimentos na cabeça” , informa o advogado dos moradores, Toninho Ferreira. “No atestado de óbito consta apenas falência múltipla dos órgãos, mas não temos dúvida de que a real causa de sua morte foi o espancamento que ele sofreu da polícia“”, afirma

Segundo o advogado, essa foi a segunda morte causada diretamente pela ação da PM durante a desocupação. “No dia do despejo, Antonio Dutra foi atropelado por um carro que fugia do gás lacrimogêneo e os tiros de borracha disparados pela polícia”, explica.

Situação caótica
Apesar de todas as promessas realizadas pelo governo, tanto municipal quanto estadual ou Federal, os moradores do Pinheirinho continuam sobrevivendo em condições precárias. Dependendo do parco aluguel social da prefeitura, as famílias são obrigadas a se juntarem para conseguir pagar o aluguel de uma casa, e vivem amontoadas. O caso de uma família que vive em uma Brasília velha foi destaque recente na imprensa.

O movimento em defesa da moradia, porém, não terminou. Nesse dia 20 ocorre uma manifestação pública, às 9h em frente ao terreno do Pinheirinho. Às 11h, as famílias se deslocam para a prefeitura, para exigir o cumprimento das promessas, moradia e a desapropriação do terreno do especulador Naji Nahas.