Em sua passagem pelo Brasil, Alberto Granado, hoje com 83 anos e residente em Cuba desde 1959, destacou como a viagem ajudou a transformar Ernesto em Che.

Ernesto concluiu seu curso de Medicina na Argentina e partiu para a Venezuela. Na seqüência, foi a Guatemala, onde se deu a guinada definitiva de sua vida: casou-se com uma militante peruana e conheceu dois cubanos que lhe falaram da luta na ilha, contra Fulgêncio Batista.

Fugindo, em 1955, para o México, Che encontra-se com Raúl e Fidel Castro e, em novembro de 1956, parte, como médico, com cerca de 80 outros guerrilheiros, para Cuba. Somente 16 sobrevivem. São estes que partem para a Sierra Maestra, onde nasceu o movimento que, no ano novo de 1959, derrubou o ditador.

Sob o governo de Fidel, Che comandou o Instituto Nacional de Reforma Agrária e, a partir de 1961, o Ministério da Indústria. Em 1965, dizendo-se cansado da vida de “burocrata”, foi para o Congo Belga, onde tentou uma fracassada revolução. Em 1966, escolheu a Bolívia para um centro de treinamento de guerrilha, que pretendia cumprir papel estratégico na revolução latino-americana.

Isolado, abandonado pelo Partido Comunista e outros guerrilheiros, Che foi capturado em 8 de outubro de 1967, numa operação chefiada pela CIA. No dia seguinte, foi executado. A guerrilha, método de luta utilizado na revolução cubana, teve sucesso pelas condições políticas concretas da ilha (ali combinado com a ação das massas), mas não tinha condições de ser estendida como estratégia aos outros países, como tentou Che. Ele terminou morrendo na Bolívia, isolado dos mineiros, vanguarda histórica do país. Todos os que defendem a revolução socialista devem, no entanto, reivindicar seu internacionalismo e desapego aos cargos.

Morria um homem, que apesar de ter escolhido um método equivocado de luta, foi coerente e honestamente dedicado durante toda sua vida. Nascia, então, o mito.

Post author Wilson H. Silva, da redação
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