Manifestantes são recebidos com gás de pimenta pela guarda municipalCerca de 200 moradores de bairros alagados e atingidos pela chuva realizaram um protesto na tarde desse dia 8 de fevereiro em frente à prefeitura de São Paulo, na capital. Vindos de diversos bairros da várzea do rio Tietê, na Zona Leste, região que convive com alagamento há 2 meses, os manifestantes, revoltados, denunciavam o descaso do governo Serra e Kassab.

Logo no início do ato, os moradores exigiram ser recebidos pelo prefeito, mas foram atacados com gás de pimenta pela guarda municipal. Entre os manifestantes, muitas mulheres e idosos. Gente que perdeu tudo, como é o caso de Sônia Pereira Silva, moradora do Jardim Helena. “Perdi o pouco que tinha, meus filhos estão sem lugar pra ficar, não tem como arrumar escola”, afirmou ao Portal do PSTU. Ela está abrigada na casa do irmão e não tem perspectiva de voltar para sua própria casa, tomada pela água e lama.

Governos são os responsáveis
Os moradores responsabilizam o governo pelas enchentes. Com as chuvas de dezembro, a fim de evitar alagamentos na marginal, o governo Serra teria fechado a barragem da Penha, fazendo a água transbordar e alagando os bairros pobres da Zona Leste de São Paulo. Já a prefeitura nada faz, limitando-se a oferecer bolsa aluguel de R$ 300 aos moradores impossibilitados de voltarem a suas casas. “A prefeitura só enrola a gente”, diz Sônia.

A doméstica Josefa Dias dos Santos Souza, moradora do Jardim Margarida e também presente no ato, também não pode voltar para casa. “Na minha casa ainda não baixou a água”, conta ela, que também perdeu todos os móveis. “O prefeito não faz nada”, reclama a moradora, que está há mais de 30 anos na região. “Dizem que é área de risco, mas na hora de colocar água, luz, pra gente pagar, não disseram que era área de risco”, diz.

Os manifestantes denunciavam ainda a propagação de doenças causadas pela água e esgoto que tomaram conta dos bairros. Muitos moradores carregavam garrafas pet com a água suja das enchentes, assim como larvas de mosquitos e até uma cobra, retirada em uma das casas alagadas.

Entre as reivindicações dos moradores está o desassoreamento do rio Tietê, indenização pelas perdas causadas pelas enchentes e uma real política habitacional (“uma casa por outra casa”) pelo governo.

Uma comissão dos moradores foi recebida pelo gabinete do prefeito Kassab, já que o próprio não estava no local.