Moradores pedem agilidade na construção das casas
Foto: Ana Cristina
Redação

.2 anos depois, ato foi realizado em praça próxima do terreno onde serão construídas as 1.800 casas

Dois anos depois da desocupação do Pinheirinho, as famílias da antiga ocupação se mantêm com coragem e muita garra para lutar pelo direito à moradia e exigir seus direitos. Foi isso que pode ser visto nesta quarta-feira, dia 22, no ato político realizado no bairro Emha 2, em São José dos Campos (SP).
Simbolicamente realizado em uma praça próxima do terreno onde serão construídas as 1.800 casas às famílias do Pinheirinho, o ato lembrou o passado, mas também mostrou a luta do presente e a esperança no futuro.
A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas, entre famílias do Pinheirinho, moradores do bairro Emha 2, dirigentes sindicais, ativistas do movimento popular, parlamentares do PT e representantes do PSTU e do PSOL. Moradores da Ocupação Esperança vieram de Osasco/SP para participar do ato.
As famílias cobraram a punição dos responsáveis pela ação de desocupação, marcada pela violação dos direitos humanos, bem como exigiram dos governos a agilidade na construção das casas prometidas pelos governos federal, estadual e municipal, e outras reivindicações.
Punição dos responsáveis
As cenas de mulheres, crianças e idosos sendo expulsas e despejadas violentamente de suas casas por dois mil policiais chocou o país e teve repercussão internacional.
A brutalidade da ação na madrugada daquele domingo, em 2012, e as diversas violações dos direitos humanos pela PM, governos e judiciário foram lembradas nas falas durante o ato. Doze ações criminais tramitam na justiça, mas até hoje ninguém foi punido. Ações também pedem a reparação dos danos morais e materiais às famílias.
Em cima do caminhão de som, falaram pessoas como Antonio Macapá, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, entidade que apoiou o Pinheirinho desde o início, Josias Melo, da associação de aposentados Admap, João Batista Arruda, pela CSP-Conlutas, Joaquim Aristeu, também dirigente da CSP-Conlutas e do PSOL, a presidente da Câmara, Amélia Naomi, e o chefe de gabinete da Prefeitura de São José dos Campos, Marcos Aurélio dos Santos, que representou o prefeito Carlinhos Almeida, entre outros.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT) lembrou dos abusos cometidos pela PM, como o estupro de jovens fora do Pinheirinho no dia da desocupação. O padre Ronildo Aparecido da Rosa citou a insensatez da juíza no episódio.
Contudo, o ato não foi apenas para lembrar a desocupação. Os moradores do Pinheirinho têm uma série de reivindicações junto aos governos federal, estadual e municipal, como a cobrança por agilidade na construção das casas, o reajuste do aluguel social e a desapropriação do antigo terreno.
A ex-moradora do Pinheirinho, Gina Silva, disse que a pressão do movimento fez os governos se comprometerem a comprar o terreno no Putim 2 e a prometer a construção de casas, mas nada ainda foi concretizado.
“Estamos escaldados. Só vamos acreditar quando a escritura e as chaves estiverem em nossas mãos. Por isso, o ato de hoje é muito importante. Pra mostrar que ainda estamos em luta. Aliás, deveríamos até lutar ainda mais”, disse.
Outras reivindicações
Luzia Aparecida, também moradora, falou da necessidade de se reajustar o aluguel social. “A desocupação foi muito chocante e até hoje ainda enfrentamos transtornos. O aluguel na cidade é muito caro e quando é pra gente do Pinheirinho não querem alugar. Dois anos congelado é muito tempo. Tem de reajustar até entregar as casas”, falou.
O ato de hoje não se trata apenas de lembrar o que ocorreu, mas sim de mostrar que não vamos esquecer. A nossa luta continua”, disse Toninho Ferreira, advogados dos moradores do Pinheirinho e presidente municipal do PSTU de São José dos Campos.
“Vamos cobrar a punição dos responsáveis por aquele absurdo, a reparação pelos danos morais e materiais às famílias, bem como a desapropriação do antigo terreno e uma lei contra despejos violentos”, defendeu Toninho.
“Vamos cobrar que estas casas fiquem prontas o mais rápido possível e que o novo bairro tenha creches, unidades básicas de saúde, escolas e transporte de qualidade. Tenho certeza que, com a experiência de luta dos companheiros do Pinheirinho, somada à ótima recepção dos moradores que já estão instalados aqui, conseguiremos muitas melhorias para toda comunidade”, concluiu.
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